domingo, 25 de junho de 2017

Passa o teu indicador
pela minha coluna vertebral.
Sente a fragilidade dos meus ossos,
beija-me entre lágrimas,
abraças as imperfeições deste corpo.
O sol põem-se,
     e os lençóis são nossos.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Passeio por este caminho que me é tão familiar.
Tão familiar,
que já me desvio, sem olhar, da pedra solta da calçada, mesmo ao lado da primeira árvore, mesmo no cruzamento.
E mesmo na noite, decidi observar carinhosamente as árvores que se encontram no caminho e belas flores amarelas nasceram durante a minha ausência por estas ruas.
Parei.
Olhei.
Toquei.
Flores, minhas queridas. De um amarelo tão vivo e belo. Com alguns tons alaranjados.
Fiquei de peito cheio e com um sorriso que faz doer as bochechas.
Estas pequenas coisas que me preenchem a caixa torácica.
Depois lá tive de continuar o meu caminho.
Infelizmente, não há tempo para olhar e chorar pelas flores que só as vejo de vez em quando. Morrem no inverno e vejo-vos para o ano, minhas queridas.
Tudo morre, tudo nasce.
Mas as flores que observei não vão ser as mesmas que observarei para o ano.
O que morre, não volta.
Sentirei a vossa pedra.

terça-feira, 13 de junho de 2017

desde pequenina que dou cabo das unhas.
não consigo ter aquelas unhas compridas e brilhantes, e adorava. 
invejo as raparigas com as unhas tão bonitas.
mas não consigo.
curiosamente, durante um ano, tive as unhas bonitas e não as estragava.
e concluí, que foi um ano morto.
só dou cabo delas quando estou ansiosa, nervosa, ocupada, triste. e se não sinto isso, sinto o quê?
nervos e ânsia são o meu dia-a-dia.
quando oiço vozes novas,
quando a minha voz sobressai,
quando piso um novo chão.
o meu corpo arrepia-se e as minhas mãos não param quietas.
se eu tivesse outras mãos a que me agarrar,
olhos para olhar durante todo o tempo do mundo,
não me ocuparia das unhas.
Talvez. provavelmente não,
de tanta fervura no peito sentir.