segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Gostava de não ser eu

Quero ser escritora.
Sentar-me no café, com um caderno.
Não ter vergonha de ter uma caneta na mão,
E de ter o mundo na cabeça

Quero ser sonhadora,
Sonhar com o amanhã,
Com as ondas que se me arrebentam em mim
Com as guelras que não tenho
E conhecer o que vai para além de mim

Quero ser artista.
Ver arte em cada gesto.
Ver uma textura diferente em cada pele.
Ver um brilho em cada olhar.

Quero ser poetisa.
Escrever versos espontâneos.
Fluir palavras como magia.
Derramar letras em vez de lágrimas.

Gostava de ser tudo menos eu.
Alcançar o inalcançável do meu ser.
Abraçar-me sem pudor.
Sorrir-me sem brilho no olhar.
E acima de tudo,
Gostava de rimar.
E saber que alguém me há-de amar.

Ser não serei

Não sei ser.
Ser não sei ser.
Serei um dia?
Ou serei um interstício de ser?

Tentarei ser.
Tentarei definir cada traço,
Cada pensamento,
Cada ato,
Cada atitude.
E encontrar o meu ser.

Ou continuarei a somente estar.
A fingir o meu ser,
Que nunca foi, sempre esteve.
Um mal-me-quer que sempre me foi mal.
E do bem nunca serei.

E continuarei a andar.
Sem saber quem sou.
Sem saber se serei
Algum dia um ser que deve ser.
E continuarei a gostar, sem nunca amar.
E a falar, sem nunca beijar.
E a abraçar, sem nunca sentir.
E serei sempre um vazio
De tentar Ser.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Não preciso de mais nada

Ah! Como gostava de livrar-me destas quatro paredes, destas roupas apertadas! Ver-me livre deste ar poluído, das palavras fúteis dos vizinhos, destes produtos inúteis que se multiplicam à minha volta. E abraçar a natureza. Entregar-me por completo, de alma e de espírito, aos prados verdes, aos beijos das flores, aos abraços quentes dos pinheiros. Sentir a relva nos meus pés descalços, a água gelada do rio nas palmas das minhas mãos, a madeira húmida nas minhas vértebras, a areia pelo meu corpo nu, e este ar. Ai, este ar tão puro, tão doce! A entranhar-me pelos poros, livrando-me desta sujidade que a cidade deixou em mim.
E a minha alma, o meu espírito, choram de felicidade. Este verde tão vivo, esta água de cristal, o vento que soa palavras ao meu ouvido, as árvores que me sorriem, as montanhas que me contam histórias. Não preciso de nada mais. Sinto-me feliz assim. Completa. E acho que me encontrei e não preciso de mais nada além desta companhia. O meu corpo, outrora inerte e odioso, encontrou o seu local de conforto, e nada o fará parar. Vou correr, vou dançar, vou fugir, vou rir-me até me esquecer do passado mesquinho e o meu corpo será uma árvore, um pássaro, uma alga do mar, uma folha de outono. Um corpo puro. Que serei eu.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Review: A Trança de Inês de Rosa Lobato de Faria

Ler é das minhas grandes paixões e desde que descobri a plataforma GoodReads, tenho escrito as minhas opiniões e feedbacks dos livros que leio, e decidi colocar também aqui, no meu blog (quando acho que estes estejam bem escritos, claro).
Ora, o último livro que li foi A Trança de Inês, da autora Rosa Lobato de Faria, que tem sido uma das minhas influências na minha escrita.
O Review é então, este:

Rosa Lobato de Faria não me consegue desiludir. A sua escrita poética, leve, repleta de metáforas, comparações improváveis, melhora a história na sua totalidade, apesar desta já ser muito bem imaginada. As viagens de Pedro na sua mente louca são apenas geniais. 

A autora inspirou-se na lenda de Pedro e Inês para criar uma história de amor igual, mas na nossa sociedade, e numa sociedade futura, mostrando que este amor será sempre impossível, mas sempre enorme. A história foca-se num Pedro dos finais do século XX e inícios de XXI, que se apaixona por uma Inês, que se evapora das suas mãos, tal como no século XIV, e este compara o seu amor ao de D.Pedro I, que ficou louco por ter perdido a sua Inês. E então, o Pedro atual começa a sentir-se como um rei que perdeu a sua suposta rainha, que nunca chegou a ser rainha devido à mesquinhez e aos interesses alheios. Um amor que o enlouqueceu, que o fez obrigar o povo a beijar a mão da sua amada já falecida, já em decomposição. Um Pedro que acredita que a voltará a ver no Juízo Final e que o seu amor nunca morrerá. Mas na cabeça louca do atual Pedro, este começa a criar uma história futura. 


A história de amor de Pedro e Inês no século XXII é talvez a mais interessante da história, uma sociedade que nasceu na cabeça da autora e que está extremamente genial. Acredito que Rosa Lobato de Faria se inspirou no livro de George Orwell, 1984, porque aqui existe uma sociedade controlada pelo governo, que impede o amor e os sentimentos. 


Tenho de frisar que o livro, já para o final, torna-se um pouco cansativo, a loucura de Pedro torna-se assustadora e um pouco exagerada, e as viagens entre as épocas torna-se confusa. Mas nada disso me fez perder nesta história belíssima e na poesia que esta contém. 


A imaginação da autora é indiscutível e temos aqui um obra grandiosa da Literatura Portuguesa. Uma lenda, um amor proibido, verdadeiro, uma história real de tremenda tristeza. O livro baseia-se mais na lenda do que realmente na história real, mas D.Pedro I e Inês de Castro fazem parte da lista das histórias de amor mais trágicas de sempre. Rosa Lobato de Faria fez renascer este amor na nossa época e numa época futura, lembrando-nos que o amor é igual em todas as sociedades, o sentimento é sempre o mesmo, a dor é igual ao longo dos anos, dos séculos, dos milénios. Que o amor se torne em algo banal, em algo bonito, e não em algo trágico.

Nascer e Viver

Dizem que nascer é uma dádiva. Dizem que devemos aproveitar o que esta bela vida nos oferece, porque nascemos. Dizem que estar vivo é um agradecimento perante algo, e devemos viver, porque, afinal, nascemos. Mas e se não estar vivo é melhor que estar vivo? Porque quem proferiu essas palavras estava vivo quando as disse. Se calhar a morte e a não existência é que é uma dádiva. Se calhar a vida é um Inferno, e nós achamos que é maravilhoso porque pensamos que não há mais nada. Antes de eu nascer era o quê? Se calhar estava feliz e algo puxou-me e saí de um útero humano para viver outra coisa. Esta coisa que chamamos dádiva. Será mesmo uma dádiva? Não será apenas uma pausa infernal? O que sou eu? Uma almazinha perdida presa num corpo estranho, apenas para saber o que é viver, quando era outra coisa? Mas, há mais alguma coisa ou só apenas isto? Algo que nasceu para viver e para viver apenas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Linear como as Ondas


Feita de Sal

Sou assim
Sal.
Em vez de carne, veias, ossos,
Sou feita de sal.
O sal que salga
Que dói
Que desconstrói
Que mói.

O sal que não deixa crescer
O sal que faz doer,
O sal que não amanhece
Que não nasce
Que não deixa nascer.

O sal que nada no mar,
Que arranha a garganta,
Que corrói por dentro
Que te come
E a dor é tanta
Que te consome
E um dia,
Acordas vazia.
Com sal a correr-te no sangue,
Que toca
E em pedra se transforma.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Vou Crescendo e Cresço

Vou crescendo. Vou crescendo e esta dor vai-se tornando imutável, irreversível, cada vez mais profunda. Cresço e cresce em mim uma dor irremediável. Mãe, consegues salvar-me? Como me salvavas quando era uma criança, e esfolava os joelhos e chorava, e tu vinhas com as tuas mãos de cetim por-me aquele líquido castanho saído de uma embalagem amarela que eu achava assombrosa. Beijavas-me a ferida para aquele ardor passar, e dizias "já passa, meu amor, já passa". E eu pensava que esse ardor do líquido castanho era a dor mais horrível que existia. Mas, agora, é-me tão leve. Tão leve com uma pena que nos paira no ombro e mal a sentimos, e paramos para apreciar a sua beleza. Agora dói-me cada célula. Cada interstício do meu corpo, Nada me pode salvar desta negridão na minha alma, nem tu mãe, que sempre foste um anjo branco, onde as tuas asas eram a minha paz. Agora, nada me ampara, nada me abraça, nada me salva. Nem eu consigo salvar-me de mim própria. Talvez se arrancar a minha pele aos poucos, a dor vai desaparecendo ou reconfortando-se nas cavidades dos meus orgãos, escondendo-se como uma doença adormecida. E, vou crescendo, na esperança que tudo melhore, e cresço.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Falta-me

Gostava de saber escrever. Gostava de conseguir juntar as palavras de maneira fluída, mágica, que realmente acordasse um neurónio adormecido de uma mente humana. Falta-me o jeito. O jeito de articular uma palavra com outra, falta-me palavras nas mãos, penso pouco. Falta-me metáforas, sinédoques, paradoxos. Falta-me aquele toque de Fernando Pessoa, de Garcia Márquez, de Rosa Lobato Faria, que conseguiram que eu me apaixonasse pelas suas palavras; que conseguiram soltar-me lágrimas dos olhos quando nada sentia. Como adorava ter força. Força para mostrar o que faço, mesmo sendo medíocre. Força para escrever na rua, para escrever sobre ti, sobre aquele senhor que está sozinho no metro cabisbaixo, com os olhos brilhantes de tristeza. Falta-me poesia no vento. Faltam-me palavras nas ondas do meu cabelo. Faltam-me letras nos pés em que piso este chão molhado, falta-me imaginação nas mãos e racionalidade na cabeça. Falta-me muita coisa e isso deixa-me profundamente infeliz. Porque me sai suor da pele, e não pós de magia que me enchem os cadernos de palavras esbeltas? Porque me saem lágrimas e não sinónimos de tristeza? Porque não posso ser um livro que anda, que fala, que dança, que sente? Eu só queria que alguém tivesse paciência de me ler, mesmo não me conseguindo escrever. Se eu soubesse escrever, podes crer que as minhas palavras te fariam chorar, gritar, rir, sentir até aos extremos da tua pele! Mas o se é uma palavra que me vai assombrar até ser pó e ossos. E morrerei triste, inacabada, vazia como um caderno por escrever. Porque me faltam palavras.

Inesistente

Larguem os telemóveis

Já me questionei várias vezes o porquê da necessidade de as pessoas exporem a sua vida nas redes sociais, como se fosse um estômago que precisa de alimento diariamente? Não crítico aqueles que põem de vez em quando fotografias de uma saída à noite ou de estarem com amigos, porque até acho isso normal na nossa geração e até eu mesma gosto de postar fotografias com amigos (apesar de ser muito raro, confesso). Mas tenho de frisar o Snapchat. O Snapchat é uma rede social extremamente exagerada. Eu tenho uma conta nessa rede mas já a apaguei devido à estupidez, futilidade e inutilidade que aquilo é. O Snapchat baseia-se em ver o que as pessoas fazem em 24 horas, e fico estupefacta com a necessidade de colocarem fotografias a toda a hora, com o que estão exatamente a fazer. Não acham ridículo e estapafúrdio? O tempo que perdem a tirar o telemóvel do bolso, a tirar uma fotografia de dez em dez minutos para os outros saberem que não são anti-sociais ou passam o dia a dormir e na real mona, equivale a realmente a isso. Eu sempre que ia ao Snapchat ver o que as pessoas faziam, um pouco da minha alma falecia porque estava a entregar-me às futilidades e à mesquinhez.

Parem um pouco para apreciarem o que vos rodeia, para estarem com quem amam, para sentirem o vento na cara, para beijar uma flor, para abraçar uma árvore, em vez de tirarem o telemóvel do bolso e tirarem uma foto aos vossos pés com a descrição de "saí de casa". Ainda bem que saíste de casa, minha querida, mas olha para cima, para as nuvens, para o céu azul, e deixa o telemóvel na mala.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

De uma Galáxia a Pó

Sou uma galáxia.
Ou talvez várias galáxias.
Que nascem em mim,
Algumas com buracos negros.
Cada órgão meu é um mundo.
Cada poro da minha pele é uma estrela.
As cicatrizes, estrelas cadentes.
As minhas mãos são dois pequenos sóis que
sustentam o meu ser.
O meu coração uma enorme lua.
Os meus pés são Vénus e Marte,
dois meu amores que me elevam todos os dias.
As minhas ancas são anéis de Saturno,
que dão beleza à minha frágil pessoa.

Ando lentamente.
Vénus para cá, Marte para lá.
E danço.
Como uma colisão de asteróides.
Sol contra Marte.
Anéis e buracos negros.
Uma enorme colisão.
Uma grande guerra de mundos.
Que afinal é apenas um conjunto de galáxias,
Que sou eu.

Por isso é que tenho medo de te amar.
Porque em mim são grandes irrespondíveis.
E em ti?
Irás travar as minhas guerras,
Ou irás matar galáxia por galáxia,
Tornando-me em pó?

Inesistente

Um Pequeno Universo


Decidi ir divertir-me um pouco para o Photoshop e peguei num desenho antigo e fiz uma pequena edição. A silhueta que aí está estava pintada de preto (feita manualmente) e quando estava a organizar a minha pasta de trabalhos reparei que estava terrivelmente pintada, então lá fui eu corrigir para o Photoshop. Primeiramente, pintei-a de preto mas se estou no Photoshop, para quê pintar de uma maneira tão aborrecida e básica? Então recorri ao Paint Pattern e "pintei" um universo. 

Mais Linhas

Num dos meus posts anteriores, mencionei que iria começar um Projeto que abrange a linha e o ser humano, como um só. Portanto, usando o ser humano como tema do projeto, e a linha como meio de o estudar. Bem, como a minha cabeça está sempre a explodir ideias, deixei este projeto em Standbye, então decidi expor os trabalhos que fiz, há algum tempo. 





Este fiz imediatamente a seguir ao das mãos (estará num dos meus primeiros posts), usando a mesma expressão e linguagem, mas estudando um pouco o rosto humano. Recorri a uma expressão da face, pois esta permite desenhar mais linhas. 


Este desenho dos olhos deixou-me bastante satisfeita, mas sinceramente, os olhos não parecem lá muito humanos! E é muito difícil para mim desenhar os olhos iguais, fica sempre um diferente. Está bastante percetível esse meu defeito neste desenho, e está explícito que o primeiro olho que desenhei foi o da direita. 


O desenho de cima abrange o corpo humano por inteiro, senti-me na obrigação de desenhar um corpo inteiro! Recorri ao feminino, por ter mais curvas e permite um estudo maior.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Mais uma "Ilustração"

Como instalei o Illustrator, decidi experimentar todas as suas ferramentas e o que este tem oferece para fazer desenhos e ilustrações. E tenciono aprender a fundo este programa! Realizei este desenho, feito a partir de uma fotografia. Bastou fazer o contorno com a Pen Tool, e depois pintar. É simples, fácil e faz desenhos bastante interessantes!




O que faço agora?

Tu és o sol
Eu sou a lua.
Tu és luz,
Eu sou a escuridão.
Tu és leve,
Eu sou um caco de vidro,
Que corta os teus poros,
E te arranca linhas de sangue,
Inconscientemente.
O amor que me tens.
É um obstáculo.
Sou uma sombra negra em ti,
Que te devora,
Beijo os teus lábios,
Sugo a tua respiração,
Afirmo que és meu, que o teu corpo se funde com o meu
Mas eu sou a lua.
Um crepúsculo negro, repleto de fantasmas.
De dor, de lágrimas, de gritos.
E tu és a luz. Tu és amor.
És o amor que me resta em mim.
Todo o amor que tenho em mim é teu.
E o que faço agora?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Desenho Digital

Admito que tenho andado ausente, e a verdade é que me desleixei um pouco. Mas voltarei. Estive 15 dias intensos a explorar a arte da Dança e abandonei um pouco o desenho e a pintura, mas espero voltar em força, se a faculdade assim mo permitir. 
Deixarei aqui então um pequeno update. Decidi desafiar-me e instalei o Illustrator e comecei a fazer um desenho digital. Desenhei manualmente, primeiro, e digitalizei. Abri a imagem no Illustrator e comecei a trabalhar, usando também apenas a linha. 

Veremos como corre.



domingo, 14 de fevereiro de 2016

Uma Novidade Pessoal

Como gostaria de expandir um pouco mais a minha arte, apesar desta ser fraca, criei um Tumblr, onde posso colocar hashtags e é uma plataforma que tem mais pessoas e tem a possibilidade de andar de conta em conta, permitindo mais visualizações. Não vou abandonar este blog, pois o blog permite mais privacidade e não pondero em colocar os meus textos, diálogos e poemas no Tumblr, pois são mais pessoais e privados, e contém um pouco mais de mim. Por enquanto, apenas vou expor a minha arte, portanto, os meus desenhos e quadros, no Tumblr, e quanto aos textos, o seu destino será em príncipio, apenas o Desabafos Inesistentes.

Apenas quis partilhar isto convosco e se, tiverem Tumblr, seguirem o meu artístico, e estão à vontade para reblogar, aliás, estarei eternamente agradecida se o fizerem.

http://inesistencia.tumblr.com/

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Mais um diálogo

-Porque é que crescemos a ouvir que temos de nos amar primeiro e só depois aos outros e ao resto?
-Então porque o mais importante na tua vida és tu!
-Mas isso não faz sentido?
-Ora, faz todo o sentido! Ao amar-nos a nós mesmos, obtemos confiança para os outros nos amarem e amarmos também! É tudo um ciclo, minha querida.
-Mas não faz sentido, mãe. Se estou presa a este corpo, não devo perder tempo a apreciar cada poro da minha pele, mas sim amar o que me rodeia.
-Que disparates estás para aí a dizer?
-Oh mãe. Eu acho que devemos parar de ser tão egoístas e olhar-mos apenas para o nosso ego e parar com essas tretas de "Love yourself first". O mundo está cheio de coisas belas, para quê perder tempo comigo quando eu vou estar presa aqui durante anos!
-Que discurso tão tonto, filha. Perderes tempo contigo? Mas a vida é tua! TUA. Ou seja, tu. Tu é que interessas. Tens de lutar por ti, pelo teu bem-estar.
-Não é a isso que me refiro, mãe. É óbvio que quero ter uma boa vida, mas isso não significa que deva apenas olhar para o meu umbigo e estar preocupada em amar-me, quando há tanto para amar! As árvores, as folhas, as flores, as pessoas. Tanta coisa, mãe. Não quero perder tempo em definir-me porque o que me rodeia é que me define, entendes?
-Não, credo, filha, que coisas estás para aí dizer.
-Para quê amar os meus pés quando posso amar o que eles pisam?


Para quê diálogos? Gosto de escrever diálogos, imagino-os na cabeça, penso neles. Primeiro, elaboro um pensamento, um discurso, mas acho que se escrevesse em prosa o que me vai na cabeça, ficaria uma grande confusão. Eu tenho uma grande problema que é: eu penso numa palavra que vem cinco depois de palavras que tenho de escrever, fiz-me entender? Eu penso à frente, quando escrevo. Daí as minhas notas de Português não serem muito altas, porque a minha mente explode palavras que o meu cérebro não tem tempo de organizar, é um ato espontâneo. Então escrevo diálogos, é mais simples e posso discutir duas ideias, invés de apenas uma.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Como Reagir ao Encerramento de uma Livraria

Quando uma livraria tão especial e bela está em risco de fechar, é de fazer chorar cada amante de livros. Porquê? Porque esta livraria que vai fechar se as pessoas não se apaixonarem por livros, vende livros usados, muito baratos, e se procurarem bem, encontram Charles Dickens, Lev Tolstoi, Ernest Hemingway, Júlio Dinis, e muitos outros escritores brilhantes! Está bem que a Fnac e a Bertrand oferecem muito mais, mas percam tempo em livrarias, procurem clássicos, apaixonem-se pelo cheiro a livro velho e passeiem pelas montanhas de livros, montanhas de conhecimento, cultura, tudo! E gastem muito menos. A Livraria Ulmeiro situa-se em Benfica, na Avenida do Uruguai, tenho imensos transportes para lá, larguem os computadores e os telemóveis e observem o que o mundo e a humanidade oferecem. O mundo está tão para lá dessas quatro paredes onde se encontram. E no Facebook, e Instagram. Não digo que os livros sejam a fonte única para o conhecimento, mas aprende-se tanto com livros! Os livros dão-nos tanto! E saber que um ser humano como eu escreveu, deixa-me ainda mais maravilhada. Ler é um prazer enorme. É uma maneira de escapar-mos à nossa realidade, e vermos a verdadeira realidade, o que está para além de nós. Leiam o 1984, A Morte de Ivan Ilitch, O Príncipe e saberão que esses livros transmitem valores reais, críticas, realidades, dor, histórias...O livro tem um mundo lá dentro. Larguem tudo e vão ler. Viajem por este mundo literário que tem tanto para oferecer. Vamos impedir que esta livraria tão especial feche, porque além de mil livros, tem um gato lindo que passeia pelos livros!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Um Poema sobre a Ansiedade

Como gostava de ser livre
Livre de mim,
Poder viajar, viajar a alma,
Ver este mundo
Tocar nas pessoas
Sentir outra pele.

Mas estou presa a este corpo.
A este corpo inerte,
Um corpo imóvel e imutável.
Que dor é estar presa em mim.
Quero tanto saber
O que é realmente ser livre
Livre dos meus complexos,
Desta ansiedade
Que me devora todos os dias,
Sempre que abro e fecho os olhos.

Liberdade. Que palavra tão forte!
Podes significar tanta coisa.
Mas para mim, não tem sabor.
Porque não consigo senti-la.
Só gostava que estas grades me caíssem
E eu pudesse sair deste corpo,
E abraçar-te.

E podíamos viajar pelo mundo.
E podíamos ser livres.
Perdoa-me por não conseguir, meu amor.
Eu gostava tanto de me arrancar desta pele
E lançar esta alma por todos os átomos
Que existem no planeta.
E não pensar mais.

Random







terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Do Baú

À cerca de três anos, já não me recordo bem, passou-me uma ideia pela cabeça que adorei na altura. Já não me recordo em que me inspirei ou se foi mesmo uma luz que se fez. A ideia é a seguinte: desenhar com linha de costura numa tela. Portanto, coser numa tela. Gostei imenso desta ideia e acho que resultaria obras muito interessantes, mas, como sou uma preguiçosa, só fiz duas. Esta é a que gosto mais. Fiz dois rostos a aproximarem-se um do outro. Apenas fiz o contorno dos rostos, com linha. Demorou algum tempo, mas gostei muito do resultado.






domingo, 7 de fevereiro de 2016

Ódio de mim

Odeio estar a ficar igual a ti
Odeio quando estou a falar,
E me deparo com palavras
Que oiço de ti
Que tanto me fizeram chorar,
Que tanto me fizeram
Odiar-me a mim mesma.

Odeio ter gestos,
Opiniões,
Expressões,
Iguais a ti.
Odeio quando sou eu mesma
Porque eu mesma sou tu.
E tu és a única pessoa neste mundo
Que me conseguiu fazer odiar-me.

Às vezes acordo com os teus gritos,
Que fazem eco na minha mente.
Anos, anos, anos e anos
Do teu eco.

Porquê? Porque é que me deixaste assim?
Porque é que me deixaste ser assim?
Porque é que me fizeste assim?

A culpa é tua.
A minha solidão foi causada por ti.
Estou sozinha por tua causa.
Porque sou igual a ti.
E não quero acabar como tu.
Quero fugir de ti.
Mas fugir de ti, significa fugir de mim.
Como faço isto?

Uma História Ilustrada


Gosto de contemplar a vida, sabendo que a morte a destruirá. Que sugará tudo o que resta para eu contemplar e amar. Porque a vida é mesmo assim. Uma efemeridade bela, que não nos dá tempo para amar tudo, para absorver tudo. Que cruel és, morte. Dá-me tempo para contemplar esta paisagem magnífica que é a vida, deixa-me amar este pedaço vivo, quando eu estiver pronta para deixar tudo isto ir, eu chamo-te.







sábado, 6 de fevereiro de 2016

Grafites (incompletos)

Como não gosto de deixar os dias passar sem por algo aqui, vou postar desenhos que tenho feito, incompletos. Como já mencionei num post anterior, sou muito multifacetada e explodo ideias e focar-me apenas num projeto ou desenho não me é fácil. Aquele projeto das linhas? Vai demorar...porque entretanto vêm-me novas ideias para quadros e desenhos. Mas tenho feito!! Enfim, espero que gostem destes desenhos a grafite, incompletíssimos!





quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Esferogáficos


A minha professora de Desenho disse que os meus desenhos a esferográfica são muito bons (??). Fiquei reticente às suas palavras, visto que com esferográfica parece tudo riscado, é o material difícil de manusear e compreender. Mas hoje lembrei-me do que ela me disse e decidi ouvi-la e melhorar no que, para ela, eu já sou boa.





terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A arte de Dançar

Para além de desenhar, pintar e escrever (pessimamente), também gosto muito de dançar. Gostaria de dançar mais e aprender mais a sério esta arte corporal, mas aulas de dança são caras e saber dançar é algo que exige muito tempo e dedicação. Queria dedicar um post à Dança, mas não a qualquer dança! Pessoalmente, a dança é uma forma de expressão, uma forma de sermos livres e de sermos nós próprios. E, para mim, a dança que mais permite essa liberdade e autoconfiança é a Dança Contemporânea. Honest hour: eu emociono-me a ver pessoas a dançar contemporânea, porque é realmente uma arte incrível. Uma dança extremamente sensível e sentimental.

Para mim, a dança é a literatura do corpo. É um conjunto de frases que não conseguimos pronunciar pela boca e expressamo-las através do nosso corpo. A dança contemporânea é a dança do espírito. Quando me sinto triste, zangada, repleta de emoções e sentimentos, decido dançar contemporânea e simplesmente guio-me pelo meu corpo, pelo que ele sente. Ao dançar, o meu cérebro consegue desligar-se e apenas tornar-se um membro do meu corpo que apenas coordena todos os movimentos que o meu coração sente. Sim, o coração torna-se o rei do corpo quando este dança. É ele que ordena o próximo movimento. São as emoções e os sentimentos que comandam na hora da dança. É pura liberdade!

                                             (fotografia tirada pelo temporizador da máquina)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Voltar às Origens

O meu maior amor é a grafite. Eu até punha aqui um autorretrato que fiz a grafite e que me deixou muito orgulhosa, mas uma vez que este site é anónimo (supostamente), não o vou fazer. Mas é o material que gosto mais de brincar e explorar.


Mais Linhas