terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Words

21-02

Same class, same teacher, differente exercise.
The teacher says a word and we must write a 5 minute text without thinking, basically.
I liked a text I wrote about the word "word".
So here he goes a 5 minute text with my mind blowing (in english!)


I have nothing to say. Everything I'm feeling right now, can't be described by any art men had invited until today. All this emptyness and noise I have inside of me, you couldn't understand and I couldn't explain it to you. A lot of things in the world are best left unsaid, but there is way more things in the world that can't be said because our language is too limited for it, or maybe our soul. There are a lot of status we don't know yet. We have sadness and happiness. That's easy to explain, we think. But what about the million other feelings and sensations that cross to our body? I can't explain it. I couldn't paint these feeling, I couldn't dance my body out or screaming in seven languages, but you couldn't yet understand. And I can't understand you. You are an eternal stranger to me. I can't know you because what I say could never transmit how I feel or what I think about you. We, humans, we, eternal strangers to ourselves and others. I only talk so I can fill my loneliness. Isn't that all about? Fill our lonely condition. That we born and die alone. That we are individuals. And we spent our life hugging, touching, talking with others to forget our condition as human beings. But is that enough?

Forwar(d)

21-02

Today, my English Teacher gave us a curious and amazing exercise. We've been reading and analysing a short story by Ali Smith, about words and eytmology. So, today, she asked us to chose a word from the text and write one or two paragraphs about that word. In those paragraphs we should invent the eymology of that word, writing whatever we like, but not changing the meaning of the word. So, here's mine.
I chose the word "forward":

The word forward was born in the XVI Century, by a woman who spent all her life in her room, consumed by her sadness. Her husband was always out of home or closed in his bureau, writting letters or looking at the window, waiting for something. He was a pessimist and taciturn man. She sometimes leant against the bedroom door and listining to her husband reading war books or talking to his friends about the french and other people she never heard or knew about. And the tone of his voice was a tone she never met before. Enthusiastic. Marvellous. And then, she start saying all the time, he is looking for war, he is looking for war...


(the Teacher really liked it, I'm kinda proud, I guess)

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Grita-me.
Perfura-me.
Agarra-me pelas têmporas, encosta a tua testa à minha e grita-me até a voz te cansar e eu abandonar o meu corpo.
E olho-te as lágrimas, a dor cravada no teu rosto.
Que fiz eu, diz ele. Que fiz eu, Maria, para me fazeres isto.
Não te amo mais. Não sinto nada.
Tornaste-te num nada.
Eu sinto-te imensamente, mas não há nada no meu peito.
Tapa-se-lhe a cara.
E grita, e soluça.
Encosto-me à parede, à procura de lágrimas, de uma dor no corpo, não sei.
Qualquer coisa. Estarei a dormir?
Observo-o no seu sofrimento.
Ele olha-me. Como me tornei tão indiferente? Não consigo respirar, Maria.
Perdoa-me,
Imaginei quando te amava, quando te dava a mão na minha rua, quando tinha o teu corpo sobre o meu. E pensei que isso nunca mais iria acontecer, que ele era uma porta que se fechava na minha vida.
Nada.
Não há aqui nada.
Bate-me.
Faz-me sentir qualquer coisa.
Não. Poderia matar-te aqui e agora, mas não seria igual à dor que me estás a causar.
Sai.
Sai.
Não somos nada.
Somos nada.
Nada.
Abandona-me.
Gostaria de conhecer melhor os teus olhos e saber de onde vem o seu brilho.
Gostaria de ouvir a tua voz pela noite dentro até o cansaço se apoderar de mim e tudo for o silêncio das nossas cordas vocais e música de respirações e batimentos.
Poderia fazer-te rir até te doer a barriga e abraçar-te durante esse breve momento de felicidade, antes das nossas almas se tornarem em pó.
Quero agarrar cada instante que te vejo, que te oiço, que te leio. Quero que ouças os soluços do meu desespero. Quero que me ampares das quedas da minha fraqueza. E me digas, num sussurro, quem somos, quem sou, quem és.
Apenas almas perdidas que gostam de se olhar nos olhos e falar da insignificância que somos e que seremos.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Memórias

A minha professora de Português do oitavo ano deu-nos um trabalho, logo no início do ano, em que cada aluno deveria trazer um pequeno texto para ser lido para a turma, todas as semanas. Esse texto poderia ser um conto, um poema, um excerto, enfim, apenas para não ficarmos restritos ao manual escolar e conhecer o que se faz para lá do que nos é ensinado. Achei interessante e fiquei entusiasmada. Não me recordo se foi por ordem alfabética ou se a professora escolhia, mas sei que não fui das primeiras. Os meus colegas levavam na maioria contos e fábulas. Eu queria fazer uma coisa diferente. Não queria só uma história e a sua moral, queria que os meus colegas ficassem abalados, que sentissem o texto. Andei a procurar pequenos textos ou poemas que falassem sobre algo que poderia tocar nos corações de todos os meus colegas, e que ficassem com um sorriso ou uma lágrima nos rostos. E encontrei o poema perfeito, de Fernando Pessoa, sobre a amizade. Não era bem um poema, estava estruturado em poema. Quando o li, doeu-me o peito, um peito que nem sabia o que era o amor, que nunca tinha sofrido, apenas vítima de paixões de crianças, que naquela altura parecia o fim do mundo.
Recordo-me perfeitamente dos nervos que senti ao estar à frente de todos os meus colegas. Sempre fui a rapariga tímida e calada, mas sei que os meus colegas gostavam de mim e simpatizavam comigo. No entanto, ao estarem todos a olhar para mim atentos, provocava-me tremores na voz, tendo eu também uma enorme insegurança na minha voz e postura. Contudo, quando acabei de ler e olhei para os rostos dos meus colegas, vi a tristeza. Aqueles meus colegas que passavam a vida a gozar com as mães uns dos outros, estavam agora com um brilho nos olhos, a trocarem palavras queridas entre si. Pois o poema dizia, muito resumidamente, que a amizade acaba. Cada um segue o seu caminho, e aqueles momentos partilhados tornam-se memórias, as pessoas com quem nutrimos uma enorme amizade, tornam-se rostos esquecidos nos nossos corações. E os meus colegas, que pareciam uns insensíveis diariamente, estavam agora aos abraços e com medo do futuro. 
Senti uma pequena felicidade no peito. Sorri. Sorri abertamente. Que feliz fiquei por um pequeno poema ter tocado tanto nos corações dos meus colegas! Nunca vou esquecer aqueles rostos tão novos, iluminados, aqueles abraços e palavras queridas.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Review: Das Leben der Anderen de Florian Henckel von Donnersmarck

Um filme espantoso que nos enquadra na Alemanha Oriental, DDR (Deutsche Demokratisch Republik), em 1984. Todavia, que de democracia pouco tinha. Esta zona da Alemanha, controlada pela URSS, sobre o regime socialista/comunista, não permitia liberdade de expressão nem liberdade económica. Uma ditadura, portanto.

Das Leben Der Anderen (A Vida dos Outros) é a história de um agente da DDR que se "apaixona" pelas pessoas que investiga. 
Gerd Wiesler é um homem solitário e submisso ao regime, acredita profundamente nos ideias socialistas e condena todos aqueles que manifestam a mínima crítica ao sistema. O soldado perfeito. Wiesler começa a suspeitar de um escritor, que escreve maioritariamente peças de teatro. No entanto, este escritor, Georg Dreyman não tem consciência da aversão que sente perante ao sistema, mas é influenciado pelos seus colegas e companheira, a atriz, Christa-Maria Sieland. 
Porém, mesmo com falta de provas e sem fundamentos para suspeitar de Dreyman, colocam várias escutas em sua casa, e é Gerd Wiesler que fica encarregue desta missão.
Inicialmente não há suspeitas. Georg Dreyman parece fiel e identifica-se com os ideias socialistas. Todavia, no seu aniversário, reúne uma data de amigos, também escritores e artistas, e manifestam o desejo (muito discreta e indiretamente) de atravessar a fronteira, rumo à Alemanha Ocidental, onde não há censura. E um dos seus amigos mais próximos, oferece-lhe uma sonata, Sonate vom Guten Menschen (Sonata para um bom homem), e quando Dreyman a toca no piano, sendo esta lindíssima, Gerg Weisler emociona-se, e sabemos que aí, ele vai protegê-los e não atacá-los.
Este amigo que lhe ofereceu a Sonata, comete suicídio. E inicia-se uma conjetura para publicar num jornal ocidental, o que se passa deste lado da Alemanha. Conseguem arranjar uma máquina de escrever que não está registada na DDR e Dreyman encarrega-se de escrever o artigo. Toda esta conspiração é falada, discutida, e escrita em casa deste. E Wiesler, nada faz. 
No entanto, Dreyman e seus amigos são os suspeitos principais. E raptam Christa para os interrogatórios infernais dos agentes da DDR. Ela acaba por confessar, pois se não o fizesse, nunca mais poderia subir aos palcos.
Greg Wiesler corre para o apartamento de Dreyman e consegue retirar a máquina de escrever.
Christa morre atropelada.
Anos mais tarde, já depois da Queda do Muro de Berlim, e era possível aceder aos registos da DDR, nomeadamente, as investigações secretas que fizeram às pessoas sob-escuta. Dreyman decide ir ler o que tinham sobre ele e fica surpreso por ter tantos dossiers. Quando descobre que teve sempre em escuta, fica estupefacto, não acreditando ser possível, pois foi em sua casa que tudo foi realizado, que tudo foi dito contra o governo. Exige saber quem o escutava. 
Quando o vê na rua, não o consegue confrontar. Provavelmente, porque não há palavras que possam expressar tamanha gratidão. Portanto, dedicou o seu livro a ele. 

Um filme que nos deixa com lágrimas e um sorriso, que nos faz ter uma pequena esperança no peito. Que realmente existem pessoas bondosas, mascaradas pela frieza. Greg Wiesler, um homem solitário e convicto dos seus ideiais, porém era humano, e sentia. E sentiu aquelas pessoas, aqueles dois artistas que eram esmagados pela censura e por um governo que lhes cortava as ideias e os seus talentos. Dois artistas loucamente apaixonados mergulhados. na dor de não poderem expressar os gritos que tinham dentro de si. Não eram unicamente esse casal, mas toda a população alemã da DDR. 

Simplesmente, maravilhoso.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Não ando a lidar bem com a efemeridade. Com a fugacidade do tempo.
Vejo o tempo como se fosse o vento que me escapa ao rosto. O vento que leva sensações, leva caras, leva vida. Leva a minha vida. E miro o rio, as árvores, a ponte lá ao fundo e fico assim apenas, a observar, a mirar.  E vejo as crianças nas bicicletas, as amigas a correrem, o casal ali à beira do rio aos beijos e abraços, e um senhor solitário a pontapear pedras. E eu aqui, de sobretudo até ao pescoço, de gorro na cabeça, tudo para passar despercebida, e apercebo-me que não é a roupa que me fecha, sou eu mesma. A minha alma encerra-se a este mar de sensações, que é a vida. O tempo passa, o vento tem diferentes cheiros todos os dias, o rosto da empregada do restaurante vai envelhecendo todas as semanas, assim como eu, como tu, como nós. A cada segundo que passa, morre-me células, enruga-se-me a pele, os olhos perdem o brilho. São anos que duram, esta metamorfose, mas tudo é tão fugaz, que parecem dias.
Observo as minhas primas pequenas, aqueles sorrisos histéricos, conversas sem sentido, banalidades. E vejo-me ao espelho. Também outrora tive aquelas conversas. Também gostava de roubar os pacotes de açúcar dos cafés dos adultos, pegar nos restos das bebidas, no sal e na pimenta e misturar tudo, ser feliz com esta coisa estapafúrdia! Mas era, era tão feliz. Deixava-me tão alegre, tão distraída. Que bela simplicidade. Gosto de abraçar os corpos pequeninos dos meus primos, e apetece-me dizer "não morram, não deixem esses sorrisos morrerem nas vozes grossas da puberdade, nas vozes que um dia vão dizer coisas horríveis". Mas abraço só e digo adeus. Adeus, boa sorte para os testes. Boa sorte, não faças feridas nos joelhos. Tenta não partir a cabeça enquanto jogas com os teus amigos, ou saltas em cima da cama. Tem cuidado. Beijinhos

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Inveja

Por vezes olho para o meu gato deitado no parapeito da janela,com o sol a iluminar-lhe parte do corpo e invejo-o. Eu, a fervilhar em pensamentos, com dores no peito, na cabeça, sempre em dúvida com o meu ser, e este pequeno corpinho dorme profundamente, sem preocupações, sem questões. Dorme, apenas. Como o invejo! Ser apenas um gato. Não pensar, não sofrer, não entender. Ser inconsciente de tudo isto que me rodeia, não sentir a dor de não compreender, a dor de não conseguir conhecer. Que pleno ele se deve sentir. Ou não. Se calhar não sente nada, apenas o conforto do calor do sol, do abraço do meu corpo, da manta em que pousa. Assim vive ele, fechado nestas quatro paredes, sem consciência da sua falta de liberdade, porém, curioso eternamente no que aqui vê, sejam lápis, talões, ou apenas a tampa de uma caneta. Tudo tão simples. Tudo uma novidade supérflua. Quão feliz eu seria, se todos os meus problemas se dissipassem quando fecho os olhos...