sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Bom Natal, senhor

Véspera de Natal. Ainda nem dez da manhã são e já estão pessoas a encher as ruas à espera que as lojas abrem, aqui na Rua Garrett. Também faço parte desta multidão que aguarda pelo início da atividade comercial, porém, eu aguardo para ir abrir a loja e passar as próximas horas a tentar vender o máximo que possa. Tornei-me mais uma marioneta do sistema capitalista e materialista. Entristece-me, mas preciso de o fazer. Hoje, dia 23, enquanto aguardava, oiço uma voz a desejar-me um Feliz Natal. Será para mim, penso, não deve ser ora essa. Desvio os olhos do meu livro e vejo uma mão envelhecida estendida na minha direção, um sorriso sincero e olhos brilhantes. Senti uma explosão no coração por esta pequena simpatia, tão simples, mas tão carinhosa. Obrigada, igualmente, senhor, respondi eu, com a voz e expressão mais simpáticas que a minha pessoa conseguiu transmitir no agora. E é agora meia-noite, e ainda me lembro do toque da mão suave, e do rosto generoso. O Natal é isto. Não são os clientes que vêm à minha loja, desesperados e sem ideias do que oferecer para os filhos, netos, primos e tios. O Natal é sorrir, é abraçar, é simplesmente, expressar, e sermos humanos. E hoje apeteceu-me gritar, BOM NATAL, pelas ruas da Baixa e do Cais do Sodré, passar pelas pessoas, sorrir e desejar um Natal cheio de abraços, de mãos dadas e beijos. Não quero prendas. Não são as prendas que demonstram o amor, o afecto, mas sim o olhar, o abraço quente, as palavras carinhosas. Nada mais importa. Quis partilhar este momento que me aqueceu o coração e a alma este Natal, e como completa me senti neste dia. Obrigada, caro senhor, que o Natal lhe sorria como o senhor sorri.
A minha vida tem sido esta monotonia constante. Trabalho, casa, tentar preencher espaços vazios com pequenos prazeres, mas tudo se resume a esta palavra - monotonia-, que tanto me assusta. No entanto, não consigo fugir dela. Espontaneidade está longe de ser uma característica minha. Aventura também não faz parte de mim. Talvez, mas em pouca quantidade. Tenho pena, tanta pena, ter um corpo que aprisiona os desejos da minha alma.Ou o contrário? Não sei, nunca saberei provavelmente. Enerva-me profundamente ser assim, tão aprisionada a esta a realidade, não conseguir fugir dela, não conseguir saborear o mínimo de liberdade. Como me aterroriza o facto de talvez nunca o conseguir. A mudança sempre me assustou. Desde criança que a mudança me causava uma dor enorme no coração, porque amava a rotina, o normal. Que coisa horrível, esta! Sei que hoje é diferente. A mudança já é bem-vinda, lentamente. Coisas novas são calorosamente abraçadas, mas não as consigo encontrar, não tenho forças. E aqui estou, sentada nesta cadeira que me é tão familiar, a fazer o mesmo que fiz ontem e na semana passada. E os dias não acabam, nem a minha tristeza perante à realidade em que me encontro presa. É uma questão de hábito, tudo se torna um hábito, um puro aborrecimento de alma e espírito. Mas vivo. E assim continuarei, a respirar este ar sufocante que me mata lentamente por dentro.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Com os pés sobre o Tejo,
alma mergulhada,
e corpo sereno.
Observo eternamente
a calma da existência,
e a profundeza do eu,
que encontra no fundo deste rio.
Vejo a vida a passar-me ao lado.
Passo horas infinitas sentada nesta cadeira.
Observo as centenas de caras que passam por este corredor, tão perto de mim, e imagino-me entre elas.
Imagino-me feliz, completa, ocupada. Imagino-me comum, banal, como eu tanto gostava de ser. Como eu gostava de estar entre esta multidão de gente, a fervilhar de pensamentos superficiais, a fugir da instropeção e auto-análise que este tempo morto me traz. Livrar-me deste estado permanente de constante estagnação perante a realidade em que vivo.
E as horas passam, os dias, as semanas, e nada muda.
Continuo aqui sentada, mergulhada em pensamentos,
impossíveis de me libertar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Ando exausta. Simplesmente cansada. Não tenho tempo para pensar, para desfrutar da minha presença. Enquanto escrevo isto, fervilho de matéria para um frequência, nem sei como o meu cérebro arranja palavras no meio da confusão em que se encontra.
Mas não consigo sentir nada.
Não sei quem sou.
Passo horas a olhar o vazio, em branco.
Porque não tenho tempo. Não consigo pensar em concreto no que me está a acontecer.
Tudo gira à volta do trabalho, da faculdade. E chego a casa, com dores nos pés, saturada fisicamente, que me tem matado aos poucos o meu psicológico.
E começo a sentir na pele a conformidade. Que diabo me foi atingir! A conformidade! Parar, estagnar, ficar aqui, não querer nada, não sentir nada.
Preciso de parar.
Preciso de me reencontrar.

Crescer é isto?
Abandonar o que sou? Fingir?

A minha criatividade morre aos poucos,
Não me morras.
Leva-me.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Não compreendo esta ideia superficial de que tudo é substituível.
O teu cão morreu? Então, compra outro.Só a ideia de comprar animais já me é inatingível.
O teu namorado acabou contigo? Há mais peixes no mar. O quê? Isso é suposto consolar-me? Comparar ser humanos a peixes é bastante razoável e tudo.
Nunca entendi.
Esta ideia de substituir ser normal, ser uma regra. Que o que morre, é substituível, a vida continua. A vida continua, mas o que morreu, morreu, morreu em mim, em nós, transformou-se num vazio na minha alma, que ninguém, nada vai substituir.
Ficaria extremamente triste se as pessoas que amo pensassem que alguma vez as poderia substituir. Nunca. O amigo, o namorado, esses rótulos são palavras vagas. Somos tão densos, tão intensos.
As pessoas vão e vêm, é verdade, mas o que foi, não volta. E vamos procurar sempre o que foi perdido, e vamos achar que foi substituído pelos sentimentos que nos suscitam. Mas não. Cada pessoa é constituída por mínimas características que a definem, que nos fazem amá-las assim. Que não existem noutra pessoa. E é esta a magia das pessoas. Nada mais.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

E tudo se

E se,
eu pudesse beijar-te as têmporas,
passar as minhas mãos geladas
pelas tuas costas quentes.
Na esperança
de me salvares
do gelo em que a minha alma se torna
nos dias de chuva.
E se,
eu te beijasse a nuca,
que anda nua em dias frios,
e passa-se as minhas mãos quentes,
nos teus ombros e clavículas,
como se me fossem estranhos,
completamente estranhos.
Tu,
uma novidade eterna.
Tu,
uma incógnita certa.


(está mais ou menos)

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

25-11

Eram 18 horas, um frio de rachar ao pé do rio, a comer bolachas depois de um longo dia para aguentar três horas a dançar. E, neste borbulhar de pensamentos e organizações mentais, olho para o rio Tejo. Ainda havia uma mísera luz do céu e as luzes da rua mergulhavam nas águas. Parei, desliguei, observei. E entrei num estado de perplexo total, absoluto. Não era mais a Inês conflituosa e complexada, era apenas um ser humano insignificante (continuo a ser) a olhar a simplicidade deste mundo e tive uma vontade tremenda de chorar. Chorar de felicidade, por poder, num curto intervalo do meu dia, observar a beleza que existe. Os brilhos da noite, o cheiro a maresía e o rio a meus pés. Pude respirar fundo. Pude livrar-me de todas os pensamentos que me corroem por dentro tantas vezes. E esqueço-me que preciso disto. Preciso de fugir a esta realidade, preciso de socorrer a pequenas coisas, à Natureza. Esqueço-me que sou feliz e inconsciente quando me deito na relva e olho as folhas das árvores. Esqueço-me que sou feliz quando abraço crianças, quando mergulho no mar, quando vou ver as flores da minha avó. A Natureza vale mais que toda esta complexidade existente em nós. Mas não é ela também complexa? Uma complexidade contrária à nossa, que se torna simples, talvez. Não sei, mas ela salva-me durante uns breves minutos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Vou escrever um pouco sobre a minha pessoa. Mas muito pouco. Apenas uma coisa vaga sobre mim.
Não sei se já outrora mencionei, mas a dança é uma das minhas paixões. A dança contemporânea, para ser exata. Sim, quando me afirmo como sendo pseudo-artista multifacetada, é verdade, lá tento criar qualquer coisa com as palavras, com traços e tintas, mas também com o meu corpo, e em breve, vou experimentar o teatro. Enfim, uma eterna curiosa pelo lado sensível da humanidade. Mas não é disso que venho falar, aliás, o que disse agora tão diretamente sobre o eu, acaba aqui (assim tentarei). Vou agora, descrever um acontecimento que me marcou hoje, dia 23 de Novembro de 2016.
Fui à aula de dança contemporânea, com um Professor que faz sempre exercícios de acontecimento fora do normal, que uma pessoa de fora que nos visse, acharia uma completa loucura ou então, realmente, que preenchesse o estereótipo da muito incompreendida dança contemporânea. Entendo que seja. Não é de todo uma dança para divertir, para entreter, para ser um momento agradável. Pelo menos, eu choro a ver esquemas de dança contemporânea. Mas esta modalidade é um mundo, há várias danças na dança contemporânea. Umas que puxam mais pelo pensamento e parte emocional, outras que nem tanto, mas tem essas características como base.
Continuando o episódio, o professor hoje pediu-nos uma coisa que me apeteceu, por um lado, fazer o exercício com garra, mas, por outro, fugir a sete pés."Vão ter de olhar diretamente nos olhos de outra pessoa, sem o desviar, e podem roubar olhares, mas nunca podem ficar a olhar o vazio, agarrem as pessoas". Terei sido a única naquela sala com 20 pessoas que fiquei ligeiramente em pânico? Olhar nos olhos durante minutos? Em movimento? Sempre me foi difícil olhar diretamente nos olhos das pessoas, nem sei bem explicar o porquê. Se capto o olhar de alguém, essa pessoa, essa cara, esse nome, fica eternamente na minha memória. Não vou esquecer as caras que olhei durante tanto tempo no dia de hoje. Será de mim, esta inquietação perante o olhar, o mais emocional, metafísico e misterioso membro do corpo humano? Sempre que o meu olhar encontra outro, uma onda de arrepios trespassa-me. Será isto uma espécie de magia? Um contacto visual, um contacto que acontece num universo paralelo, que une duas pessoas por breves segundos que, depois, passam a ser desconhecidos e esquecem-se no resto das suas vidas.
Olho as pessoas e imagino o que fazem, o que são, o que gostam, o que as motiva. E, talvez o olhar desvende mais que a boca. Talvez, essa ideia que o olhar nos dá de determinada pessoa é mais agradável do que ela realmente é. Talvez não, tenho a certeza que é quase sempre assim.
E olhei, profundamente, cada pessoa nos olhos. Uns castanhos, outros azuis, uns mais brilhantes que outros, uns sorridentes, outros tristes...E perguntava-me acerca delas, dos seus nomes, das suas paixões. Bem, tínhamos todos em comum a paixão pela dança contemporânea. É estranho, porque sempre que os encontrar dir-lhes-ei um breve olá, quando outrora conhecemos os olhos, o olhar, uns dos outros. Os nossos corpos entrelaçaram-se na dança, e os olhos, apenas abraços calorosos. E o verbo agarrar! Agarrem as pessoas, assim disse o professor. Não poderia concordar mais. É agarrar com toda a força.

Tudo isto é estranho de afirmar. É estranho de explicar. Talvez pensem que sou doida. Talvez seja. Provavelmente sim.

Drowned

Escrevi este poema random em inglês, primeiramente, portanto é esse o original, embora tenha feito tradução para português.



Sometimes,
I feel that,
inside me,
lives an entire ocean,
a deeply ocean - dark and blue,
full of life and death.
A mysterious amoung many others.
I feel strange,
unknown.
Maybe,
solitude provides this strange state,´
of being a hopeless dreamer,
with thoughts that consume me,
drowning into reality.


Às vezes,
Sinto que,
dentro de mim,
vive um oceano inteiro,
um oceano profundo- escuro e azul,
repleto de vida e de morte.
Um mistério entre tantos outros.
Sinto-me estranha,
desconhecida.
Talvez,
a solidão dá este estranho estado,
de ser uma sonhadora incurável,
com pensamentos que me consomem,
afogando-me na realidade. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Night Thoughts (idk)

Why are you like this,
why you do that to yourself,
just talk,
please talk.
Please, say something.
No one will judge you, I promise.
The world is waiting for you,don't miss it.

       -You don't understand, You can't feel what I feel. You don't know what is like to be surrounded by people and can't say a fucking word because there's sulfur inside of you, that melts you, breaks you, cuts up your words, You don't know. I wish I was like you. I wish I could say everything that comes up to my mind. I don't want to think so much, to think deeply about stuff.

You're so messed up. 
You're so special, you're so beautiful,
 please, I just want you to be happy, I don't want to see you sad, I don't want to think of you, closed up in your world, alone and feeling lonely. Please, don't do that.
 I care about you. I really do.

       -I know, thank you, I'm already crying, see? I feel too much, every word is like a knife in my heart, it can cut or shape it. It's so difficult. I'm so quiet it hurts. 

I want to fucking hug you and dry up those tears


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Todos estes autores que me rodeiam, que me familiarizo aos poucos, que vou conhecendo ao longo do tempo, fazem-me chegar a uma conclusão que nunca outrora tinha pensado. Os grandes autores, artistas, poetas, enfim, estes génios, têm, quase todos, algo em comum: a introversão. Noutro dia, li a autobiografia do Valter Hugo Mãe que este escreveu para o Jornal das Letras. Ainda não li um livro dele, mas a autobiografia disse-me muito sobre, sobre a sua infância, sobre a sua personalidade que nunca se alterou: o poder da observação, o silêncio, a solidão. E essa observação intrínseca, intensa, a eterna curiosidade das coisas, conseguiu ele transmitir pelas palavras, criar uma musicalidade entre elas e ser um grande escritor. Não apenas isso, mas realmente, conseguir ter o poder de dar sentidos às palavras, de fazer arrepiar o leitor, de nos fazer apaixonar pela sua escrita. Tudo isto senti a ler uma autobiografia de tamanho mísero, imagino os livros.
E concluí, que Valter Hugo Mãe não foi a única criança solitária, silenciosa, fora do vulgar. Os grandes génios são introvertidos. Não que eu seja um génio ou algo que se pareça, mas eu não fui uma criança diferente, antes pelo contrário. Hoje sou tudo o que não fui na minha infância. Era faladora, ria, abraçava as pessoas, era tão fácil dar a mão nessa altura. Mas fui-me moldando, fui-me tornando menos faladora, mais observadora, mais ouvinte, e também mais pensadora. Terrível livrarmo-nos daquela simplicidade feliz da infância, e o pensamento auto-destrutivo nos apoderar, nos derreter por dentro. Portanto, talvez nunca conseguirei alcançar este dom da escrita. Nunca serei especial. Não queremos todos ser especiais? Torna-se uma banalidade querer ser especial, querer ser diferente. Mas já fui mais igual, já fui mais simples. Não queremos todos destacar-nos? A vida não é como nos filmes. Ainda tento tornar a realidade nesta ficção com que me rodeio, neste mundo encantado em que vivo, aliás, onde o meu psíquico vive.
Portanto foi isto que pensei, que nunca serei especial, nunca me destacarei, porque nada faço que realmente valha a pena, as minhas palavras não são tão fortes como eu gostaria. Mas continuo a viver.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Review: Pride and Prejudice

This review is about the book, the movie and the TV Show. About this amazing story, that I so much love. I must apologize for my english, if I make any mistake, please, don't judge me.

I deeply love Pride and Prejudice, from an amazing author that I also like and read other books, Jane Austen. I already read the book, and watched the movie and the Tv Show from 1995 and I must say I loved them all. I confess that I love books who also have a movie, because when I finish a book, what really hurts the most, is saying goodbye to the characters, and a movie allows me to watch and always love a little bit more! Well, some movies I must say... But Pride and Prejudice is probably the story I love the most and my love for the book is just the same as the television productions.

I don't know why I love this story, honestly. It's a love story, in the XVIII-XIX centuries. About a man that falls madly in love with a woman, but not any woman. In that time, the duty of a woman was to be married, but a good marriage, of course, with a rich man, with a respectful profession, well seen by the society. Well, let me start by the beginnig. It's about a family, a couple that had the misfortune of conceiving five daughters: The Bennets. But the Bennet girls are very different among them. We have Jane and Elizabeth, the eldest girls, who are the prettiest and also, the smartests. Then, there's Mary, a little bit anti social (I confess that I really like her), Kitty and Lydia, the silliest girl in England, says Mr.Bennet, their father. I'll consider that you, reader, already know the story, at least you should. Elizabeth Bennet is the most amazing character of this novel. I think Elizabeth is probably one of the first feminists in literature, because she didn't really believe in marriage and she thought a little bit of her condition of being a female in a society ruled by man, but they say that Jane Austen was conservative, so I don't know, I guess is my opinion then.
Then, two young men came to leave near by this family and they all know each other in a Ball. These two young men, Mr.Bingley and Mr.Darcy, get acquainted with the Bennets, especially Mr.Bingley that falls in love with Jane. I just adore this idea of love, this way of only get to know the best part of a person, their appearance, the smiles and how they interact. They fall in love so easy in Jane Austen's novel, how envious I feel! And Mr.Darcy, that fell in love with Lizzy when he firts heard her, well, I understand, Lizzy is so sarcastic and intelligent, I'm with you Darcy. So yes, Jane Austen gives us this hopful and easy love.

We all know what Elizabeth feels about Mr.Darcy, that silent man, that speaks rudly to people, always seems indiferent to the feelings of others. She hated him, from the very first time she saw him. And then, she mets Mr.Wickham, a shameless and unchristian man, that knows Darcy since infancy and tells lies to Elizabeth about his character bla, bla, bla, we all hate him and we think, for a moment, that Elizabeth is a fool to believe in him. But Mr.Darcy, with is cold approach, we give Lizzy some credit.

Although Lizzy's indifference, Darcy declares to her. "You must allow me to tell you how ardently I admire and love you", Oh god, this words always melt my heart (I seem romantic but I am not, I just really like Romanticism, it's different!). But she hates him, he is a hateful man, full of pride and disdain. But we all know that this are prejudices, Darcy is a kind man, and do anything for the ones he truly cares, and love.

It's a novel about, not only love, but about judgements, and it's quite alike today! We judge people for what they dress, what he heard about them or what they had done, but people change and we have to know people to actually make a plausible judgment. I guess our society always lived through this shitty thought about appearance and past mistakes! People change, people are so much more then what they show to us, please, be kind, understand and hear people, before you judge. It can be a surprise. Elizabeth Bennet ends by loving Darcy, "most ardently"


(sorry again for any mistake)

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Lembras-te
daquela longa noite,
de lágrimas e de paixão.
Não eras meu,
eu não era tua,
mas o agora era nosso.
O meu corpo,
o universo do eu,
era teu, só teu.
E eu explorei o teu mundo,
poro a poro,
lágrima a lágrima.
Eras meu eras,
mas eu não soube agarrar esse mundo.

Sketches

Quando os professores dispersam, e eu mesma.


domingo, 30 de outubro de 2016

Vou contar duas histórias da minha vida, uma triste, outra feliz, para vos dizer que as memórias ficam desfocadas, mas as sensações e os sentimentos ficam sempre guardados em nós.

Vou começar pela triste: o meu primeiro desgosto. Tinha eu três anos. Estava em casa da minha avó, à mesa, um jantar de família normal. A toalha de mesa era de um verde natalício. E lembro-me da voz da minha mãe ao meu ouvido, uma voz doce e triste, que me diz "Inesita, a Babi morreu...foi atropelada. Desculpa, filha..", e sei que fiquei sem resposta, sem expressão, sem reação. Não disse nada. E depois disso, a minha memória falha-me, mas esse momento ficou-me. Talvez por ser a primeira morte, mesmo sem ter tido consciência disso, provavelmente não sabia o significado da morte, da sua obscuridade, do que ela implicava. A cadela que eu tanto adorava, desapareceu. Dormíamos juntas, partilhavamos comida, dançavamos, Pelos menos são que as fotografias me dizem. Olho para as fotografias com um vazio. Eu não me lembro dela, eu não conheço este ser, não sei quem eu era com ela. Mas lembro-me do seu desaparecimento, lembro-me do meu pequeno desgosto ingénuo, uma tristeza inconsciente talvez. Não me lembro do que fiz, mas lembro-me do que senti. E ainda hoje penso nela, e ainda choro por ela. Nunca me esqueço, nunca me vou esquecer.

A feliz é também uma memória da minha infância. À noite, eu e o meu irmão pedíamos ao nosso pai para brincarmos à Múmia ou ao Monstro, um jogo, digamos, de terror. Apagávamos as luzes,o  meu pai fazia de múmia, enrolado em mantas, e nós os dois, duas crianças ingénuas, esperávamos pelos seus movimentos, e gritávamos e ríamos. O monstro era também às escuras, onde o nosso pai entrava pelo quarto silenciosamente e quando chegava ao pé de nós, gritava e fazia de monstro. Era a pura alegria. Ríamos e ríamos, duas crianças, dois bebés, felizes, sem preocupações. Mas isto eu lembro-me perfeitamente, Lembro-me de rir e não pensar em mais nada, apenas naquela felicidade passageira. E vivia para aquilo, era a minha alegria, o meu desejo. 

E é isto que fica. Ficam as sensações bem guardadas. As pessoas vão, as coisas morrem, mas nunca me esqueço do que elas me fizeram sentir, levo tudo comigo, a minha enorme bagagem de sensações e sentimentos, todos os dias. E não é pesada, de todo. Pelo contrário, faz-me sentir leveza.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Review: Le Diamant Noir

Há duas semanas, o evento Festa do Cinema Francês ocupou metade do meu tempo, sendo o cinema francês uma das minhas grandes paixões. E não pude perder, como é óbvio, mesmo tendo uma agenda cheia de aulas e matérias para estudar (irrelevante).
Tive a oportunidade de ver 6 filmes, todos maravilhosos à sua maneira. Gostaria de escrever sobre os seis mas as palavras não chegam. Decidi escrever sobre o Diamante Negro.

Le Diamant Noir é um filme estranho. Muito estranho. Mas os melhores filmes são esses, certo? Começa por ter uma sinopse invulgar. Uma família que fabrica e comercializa diamantes, em França, provavelmente descendentes de alemães (pelo menos, o apelido era alemão e falavam alemão). O filme começa com dois rapazes jovens, um a polir um diamante, e outro a observar, por volta dos anos 60/70. E o rapaz que polia, sofre um acidente, a sua mão entra na máquina e consequentemente, fica sem ela. Esta cena é nos apresentada com um início de máximo silêncio, com uma filmagem crua, com zooms muito fortes, e apenas ouvimos o grito do rapaz e, o rapaz ao lado dele, que mais tarde sabermos ser o seu irmão, nada fez, apenas observou. Portanto, o filme começa logo de um modo chocante, deixando muito a desejar.

Estamos agora em 2015, e é-nos apresentado Pier, um jovem, que trabalha na construção civil, e é ladrão nos tempos livres. Sabemos mais tarde que é filho do rapaz que ficara sem mão na primeira cena. Isto porque o seu pai morre, e Pier não sabia nada dele há 19 anos, porque o seu pai cortara ligações com a sua família e fugira. Pier, pelo o que sabia do pai, este tivera sido deserdado e ignorado pela família, pois tinha enorme talento para polir diamantes e tornara-se inútil. Pier, sendo ladrão e tendo contactos, arranja um plano para vingar o pai e, consequentemente, a si próprio, porque,  devido a esse passado, Pier tem a vida miserável que tem.

O filme começa a ficar interessante, muito interessante aliás.

E Pier infiltra-se na família e no negócio dos diamantes, e conhece-a. O seu primo, o seu tio e tia, e a noiva do primo, é esta a família. Tentarei a seguir não spoilar muito o filme, porque é de facto excelente mas pretendo transmitir a mensagem que o filme me deu.

Portanto temos um rapaz pronto a vingar o seu pai, que nem conheceu, baseando-se em histórias e rumores ouvidos de um lado, do lado do pai. Mas depois, Pier acaba por familiarizar-se com ela. Pier descobre que tem o talento do pai e pretende polir diamantes, sendo mais fácil roubar os diamantes valiosos do negócio do tio. Então e agora? Já nutre algum amor pela família, mas quer vingar o pai. O filme é uma eterna incógnita de acontecimentos (é essa a maravilha do cinema francês). O tio adora Pier e considera-o como um filho, apesar de saber que ele é uma pessoa imperfeita, até cruel, mas é filho do seu irmão, é sangue do seu sangue.

Estamos perante um homem cruel, cheio de incertezas, mas mau puramente que não consegue fugir à sua natureza, apesar de ser amado, de receber oportunidades e ser bem recebido. Ele não consegue escapar ao seu ser. Ele é uma pessoa má, e ponto. Durante o filme senti alguma compaixão por ela e talvez algum carinho pela personagem, mas ele é mau.
Outra mensagem a reter é a veracidade dos factos. Muitas vezes uma história generaliza as coisas e torna a sua verdade única. As histórias únicas são uma perspetiva, não são uma realidade absoluta.

Talvez achem esta review confusa, só mesmo vendo.
Não tenho a certeza se o filme vai estrear no cinema, provavelmente sim, estejam atentos, o filme é excelente, um pouco pesado e possível a confundir o pensamento (mind fuck alert)
Um texto escrito há uns dias mas, como nos últimos tempos ligo o computador só para estudar, não tive oportunidade de o publicar:


Uma da manhã, quarta-feira, e tenho este desejo de me soltar destas quatro paredes sufocantes para o ruído dos meus pensamentos, e aconchegar-me no breu do céu, abraçar o frio da escuridão, observar a negridão do dia. Sempre gostei de me deitar e observar o céu, por vezes só preto, outras estrelado,a horas indecentes, onde só se houve silêncio, onde sou dona do tempo e do espaço. Não sei, foi sempre um aconchego para a minha pessoa. Sempre que tenho essa possibilidade, tento fazê-lo. Acampamentos são a melhor altura para o fazer. Preciso desse isolamento, de ficar a sós com a existência, com a dimensão desta, e confortar-me na inutilidade que sou, que não significo nada, que não sou nada. Isso conforta-me, aquece-me, neste frio gélido escuro.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Como se suporta
este vazio que me acompanha,
que me hesita,
que polui a minha respiração,
que distorce o meu olhar,
se me impede de viver.

-se viver no seu absolutismo,
é ser feliz- como o conseguirei?
Nem sei dar um nome a este estado,
a este sensação...
Será saudade?

Viver é perder.
Perdemos tanta coisa,
substituímos essa perda,
na esperança de viver.
Mas nada substitui.
Tudo é único, completo.

Portanto continuarei assim,
a sentir a tua falta,
a viver a tua perda.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Comentário: Nobel da Literatura 2016

Assim que soube que o Nobel da Literatura tinha sido atribuído a Bob Dylan estranhei, acho que todos nós ficámos surpreendidos e sentimos alguma estranheza. Então mas não é suposto Literatura ser entregue a quem escreve livros? Ora antes de responderem a essa pergunta, reflitam. O que é exatamente a literatura? Romances? Histórias? Associamos sempre literatura a livros e não simplesmente ao ato de escrita.
Ora bem, não sei se me vou fazer entender neste comentário, mas como tenho estudado esta pergunta ao longo de umas semanas, encontrei a minha resposta. A literatura vai além das palavras. A literatura não é leitura. São coisas distintas, que se interligam obviamente, mas os conceitos são diferentes. Quem escreve música, poesia, ensaios, ou algo que não envolva livros, também faz literatura. Porque a literatura não são apenas um conjunto de palavras, não é linguagem. Segundo Roland Barthes, a língua é fascista. E não é mesmo? Eu falo com um propósito, para comunicar, para fazer com que o destinatário da minha mensagem se torne seguidamente o transmissor, e assim sucessivamente. A literatura é mais do que isto. Não tem de fazer sentido, não tem regras, não é uma obrigação, serve apenas para expressar os meus pensamentos, ou nem isso, posso fazer dela o que me apetecer. E é essa a magia da literatura! Ser o que eu quiser. Podemos considerar este comentário literatura? Não, porque estou a comunicar. Os poemas que escrevo são literatura? Talvez, não escrevo com um propósito, são apenas palavras soltas sem sentido, sem coerência, sem regras de gramática e linguística.
Portanto o prémio foi bem atribuído. A música é das mais belas artes existentes na humanidade, e quem a faz, deve ser reconhecido. Às vezes nem é a melodia que se adora, mas a letra. Não só músico, mas escritor e poeta. Não escreveu um livro, mas escreveu os nossos sentimentos. E isso é Literatura.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Pequenos Prazeres da Rotina:

Quando saio à rua no pré-amanhecer, no qual o céu está da cor daquele azul, extremamente belo, calmo, sereno, acompanhado por uma frescura que não é fria, e tudo é silêncio. Não há carros a circular, não há pessoas a intimidarem-me, os sinais ainda estão intermitentes, e posso cantar a música que sai dos meus fones e posso dançar. Sou livre a esta hora.

No metro, a uma hora razoável, em que posso observar os rostos que nunca antes vira e através deles, imaginar as histórias que já passaram por eles. Conhecer as pessoas pela minha imaginação, que é, sem dúvida, muito mais fácil.

Um sorriso de um estranho, um gesto de ajuda, um peço desculpa atrapalhado, um obrigado sincero, um olhar. Gestos humanos, que me fazem sentir calor no peito.

O final de tarde, o sol a encadear-me os olhos, ver tudo de outra cor, ou escuridão. O calor na pele, o vento que faz com que os cabelos me ceguem, acompanhados pelo sol. Fechar os olhos e viajar.

Estar só. Somente só.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Não me pergunto muitas vezes o porquê da minha existência e o que faço aqui, neste lugar indefinido. Acho que caí no conformismo, ou vejo outra coisa. Olho para o céu estrelado e vejo apenas isso e faz-me aperceber da minha insignificância, da minha inutilidade, no entanto, esse pensamento abandona-me quando volto à minha realidade: este quarto. Estes móveis, estes livros, esta confusão de objetos, de pensamentos, de sentimento e de gritos inaudíveis. Sou eu. É isto.
Existo aqui, agora, onde procura algo que saiba fazer, dentro desta pequena dimensão, neste sistema de farsa, de colisões, de iludidos. E, cheguei à conclusão, que apesar do seu inferno, eu encontro mais amor que ódio. Não é este quarto que me motiva nem os objetos dentro de si, nem o dever que me faz levantar todos os dias. São as pessoas. As pessoas. São esses pequenos grandes mundos que me motivam, aliás, a todos nós. Precisamos de nós. Tudo o que fazemos, fazemos na esperança de sermos amados, de sentirmos o toque quente de outro ser humano. Eu só queria que as pessoas chegassem a essa conclusão. Que o amor é a única coisa pura que partilhamos, é comum em nós, em cada um de nós. Todos conseguimos amar.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Review: Julieta

Estreou no dia 22 de Setembro o novo filme de Almodóvar, Julieta, e tive a disponibilidade de o ver.

Já me tinham dito que os filmes de Almodóvar são extremamente humanos, que retratam a fraqueza humana, e gosta muito de mulheres, tenta compreendê-las. E o filme é, precisamente, sobre uma mulher, Julieta, e sobre a sua vida, repleta de morte e consequente dor.

O filme começa com uma mulher chamada Julieta, na casa dos 40/50 anos, bonita e misteriosa, mas aparentemente feliz, pronta para abandonar Madrid e começar uma nova vida em Portugal com o companheiro. Porém, ao encontrar alguém do seu passado, ela muda de ideias. Fica em Madrid, e até muda de casa, uma casa também pertencente a uma vida antiga, e aí começa a analepse, quando escreve uma carta à sua filha, Antía.

Aparece uma bela mulher, a jovem Julieta, num comboio para Madrid substituir uma professora, para ensinar Literatura Clássica (sobe logo vários pontos na consideração do visualizador, claro). Um homem já com alguma idade senta-se à sua frente e tenta falar com ela, mas, como qualquer mulher, não gosta de ser abordada por um homem mais velho com um extremo interesse em falar-lhe. Então, ela ignora-o e abandona o seu lugar. E conhece o jovem Xoan, um pescador.
O comboio efectua uma paragem, e vários passageiros vão "esticar as pernas", mas Julieta fica no comboio. Quando o comboio inicia novamente a viagem, o condutor efectua uma paragem brusca. Alguém se matou, atirou-se para a linha do comboio. O homem que tentou falar com Julieta. E, a partir daí, a dor, a morte, a culpa, assombra-a.

Julieta e Xoan começam um relacionamento, tendo nascido desse amor, Antía. Aparentam uma vida feliz, até Julieta descobrir a infidelidade de Xoan, e depois de uma discussão do casal, este ir pescar para a tempestade, e acaba por morrer. Entretanto, Antía estava num acampamento e posteriormente foi para Madrid com uma amiga, sem saber da morte do pai. Julieta, mergulhada num luto profundo e num sentimento de culpa, entra em depressão, e será Antía e a sua amiga, Beatriz, que a ajudarão a cuidar de si mesma.

Mudam-se para Madrid, Julieta e Antía, para Antía estar perto da sua amiga inseparável. Julieta não tomava decisões, a sua apatia ao mundo não a permitiam sentir nada. Há uma cena em particular que leva o espectador às lágrimas, pelo menos a mim levou. Julieta está na banheira, apática, sem focar um ponto, leve de seu corpo, longe deste mundo, características da depressão, e Antía e a sua amiga Bea, tiram-na da banheira com dificuldade. Só de pensar nessa cena, as lágrimas voltam a mim. O amor entre mãe e filha, a ajuda incondicional, mas Julieta era a mãe, e a Antía era quem fazia de mãe, era ela quem cuidava da mãe, sendo esquecida que também ela perdera o pai, sentia-se sozinha, e consequentemente, a mãe.
Antía cresce assim, num lar distorcido, ausente de carinho, de amor, de educação. E, aos 18 anos, pede à mãe para fazer um retiro espiritual, uma experiência normal para um jovem de sua idade.
Porém, Antía desaparece...durante 12 anos.

E o filme é isto, é a dor da ausência das pessoas que mais amamos, sendo nós os culpados desse desaparecimento, sem nos apercebermos dessa culpa. E conseguimos sentir a dor de Julieta, devo dar as congratulações à atriz, Emma Suárez pela sua bela interpretação, que me levou às lágrimas várias vezes durante o filme. Porém, Antía volta a dar sinais de vida. Perdeu um filho e pede desculpas à mãe, que a perda de um filho é a maior dor do ser humano, e nunca pensou que seria possível sofrer assim.

Um filme sobre a fraqueza, sobre a dor, sobre o ser humano. Que será sempre egoísta, sempre uma vítima de um destino.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Diálogo ou Poema: Roses are red, Violets are blue

Partilho aqui uma experiência que tive: um escreve um ou mais versos, o outro continua. Este foi o resultado que tive com uma pessoa especial:

(o que não está a Bold foi escrito por mim)

Saber sentir, e sentir que sei
Mas saber para quê
Quando não saber é ser feliz
O que é ser feliz?
Podemos ser felizes?
Não. Somos demasiado complexos
para alcançar a felicidade.
Será a felicidade alcançável, ou
será ela apenas um estado imaginável? E
não sentido
Vou tentar imaginar. Ligo-te mais tarde.
Imaginar cansa, sê apenas feliz...
Mas imaginar é ser feliz.
A realidade é-me triste.
O que é a realidade?
É o que eu quiser.
Isso é a tua imaginação.
E não pode ser a minha realidade?
Se viveres a tua imaginação e não o
teu ser existente, sim pode
Mas eu existo sempre...
Certo?
É a única certeza que tens
Às vezes não tenho certezas. E sou
um fruto da minha imaginação.
E se o que vejo é diferente do
que vês? Se sou feita de outro
material? O que sou?
O que somos?
Nada mais do que nada
Então porque sinto ser tudo?
Porque ser tudo é um desejo e não 
uma condição, entendes?
Mas eu não desejo ser tudo,
simplesmente sinto.
Ser tudo é morrer.
Então, ao morrermos alcançamos
a perfeição?
Não, mas é o final perfeito
Porque não pode haver outro.
Essa sim, é a única certeza

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Todos os dias,
viajo para o passado,
um passado que era nosso,
em que abraçava o teu corpo,
para sempre meu.

Hoje, eu não existo.
Hoje sou apenas um pensamento,
uma memória, uma dor.
Quero ser esquecida.
Mas não quero que me esqueças,
O esquecimento é o mais doloroso
que me poderias fazer.
Guarda-me,
levemente,
leva o pedaço de mim que deixei em ti.

Eu guardo-te,
em todos os meus suspiros.
Vive intensamente, 
encontra a felicidade,
mas carrega o meu ser,
que te dei por inteiro.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Aproximadamente longe

Eu só queria ser genial. Bem, não exageremos com as palavras, mas gostava de ter uma imaginação em constante expansão. Gostava de me apaixonar por personagens criadas por mim, mergulhar em histórias criadas pela minha mente. Mas acho que não tenho esse toque de génio, de escritor. Apenas escrevo palavras soltas e perdidas nesta secretária caótica, apenas rabiscos conflituosos e pensamentos confusos, sem sentido, sem coerência. Não há personagens, só há um narrador na primeira pessoa. Não há história, apenas acontecimentos contados em emoções. Não há moral, apenas desabafos de uma jovem adulta do século XXI, com problemas de primeiro mundo, sem qualquer interesse ou palavras que mudam o mundo ou mexam com a alma de alguém. Apenas escrevo porque é uma necessidade, porque as palavras são um fingimento. Ninguém me conhece através disto, as palavras demonstram uma parte de mim que não é física. Porque eu não sou nada do que está escrito. A escrita é uma necessidade da minha tristeza, daí ela ser tão essencial.


(sinto que este texto ficou tão contraditório e estranho)

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Review: Ruby Sparks

Ruby Sparks é um filme de 2012, realizado por Jonathan Dayton e Valerie Faris, um filme que me fez afirmar ainda mais quão belas e maravilhosas são as pessoas, com os seus defeitos, confusões, medos, simplesmente, sendo elas próprias.
    (atenção: SPOILER)

Calvin, um ser humano complexo, perdido, triste, sem qualquer perceção sobre o seu futuro amoroso, e também com dificuldades em conhecer mulheres, imagina a pessoa perfeita, fruto apenas da sua imaginação, da sua escrita. Imagina a sua cor de cabelo, cor e feitio dos olhos, o seu sorriso, a sua infância e a sua educação, o que gosta, o que não gosta, os seus pensamentos, os seus sentimentos, enfim. E ela nasce, Ruby Sparks, salta do imaginário para o real. E Calvin é que a vai definido, como se fosse uma marioneta. Mas, não será isto um egoísmo, apenas um desejo pessoal, querer mudar as pessoas para tornarem-se perfeitas para nós, que se adaptam a nós, que são apenas nossas? Isto não é possível, e esse filme demonstra-o.

As pessoas não são para serem inventadas, ou manipuladas, e muito menos, para serem mudadas. Ou amamos pelo que elas são, ou não dá. Se Ruby faz algo que desagrada Calvin, ele vai à sua máquina de escrever o seu desejo, e tudo se resolve. Isto é apenas uma metáfora. Este filme é apenas uma metáfora. O amor entre Ruby e Calvin é belo, não temos dúvidas acerca disso, ele inventa uma rapariga conflituosa, uma rapariga irreal, mas, que na verdade, ela é tão real! As pessoas não se imaginam, elas simplesmente existem, e aparecem. Não mudemos as pessoas, Calvin.

O filme não poderia acabar melhor. Algumas lágrimas podem não ser evitadas, porque, como é óbvio, Calvin não consegue viver assim, a moral acaba por o atingir. É justo estar a prender Ruby a mim? Então, liberta-a. Acaba o livro. Ela desaparece da sua vida. Mas reencontra-a. Bem, reencontrar talvez não seja a palavra certa, ele encontra a verdadeira Ruby Sparks, uma mulher que existe, que exige conhecê-la, compreendê-la, aceitá-la, e amá-la. E assim, Calvin aceita o seu destino.

Isto não é uma história de amor. É uma história sobre o egoísmo humano. Sobre a aceitação da dor.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

She's happier imagining stories and characters than actually living them

(depois de ver um filme biográfico de Jane Austen, escrevi isto)


Estranha coisa esta de me apaixonar por histórias e por personagens imaginárias e torná-las na minha realidade, senti-las dentro de mim como um aperto quente. Se calhar é a minha única maneira de conectar com o real, imaginando-o, apaixonando-me por pessoas que não existem e viajar dentro delas, conhecendo-as profundamente, compreendê-las. Fecho-me do mundo nestas quatro paredes, abro um livro, e a magia acontece em mim e no espaço. E é assim que vivo, que sou feliz. Mas, de vez em quando, tomo consciência de que tudo isto é irreal, só eu existo, e estes móveis e objetos que me rodeiam, estas histórias, estas pessoas, estas paixões, são apenas preenchimentos ao meu vazio. E essa tristeza abate-me. Tantas personagens que fazem parte de mim, que, de facto, parece que consigo ter conversas intermináveis com elas na minha cabeça, compreendo-as, compreendem-me. Mas é uma ilusão. E o pior é quando encarnam essas personagens em filmes, ainda mais reais ficam e mais afeto nasce em mim. Que coisa caricata. Ilusão do real, imaginar o real, que paradoxos, ou não? Como se o real fosse uma coisa objetiva, absoluta, credível. Apenas cada um tem a sua maneira de viver. O que pensou Oscar Wilde ao dizer que apenas existimos, não vivemos? As pessoas vivem de acordo com os seus gostos e perspetivas. Lá por amar histórias fictícias e chorar por vidas inexistentes e isso fazer parte do meu viver, não vivo realmente? Apenas existo? Isso não me faz sentido, perdão Mr.Wilde, o viver é subjetivo e um conceito demasiado amplo para catalogar as pessoas. Mas compreendo a frase, só é somente uma perspetiva, não uma conclusão verosímil. Sinto-me completa e viva às vezes, outras vezes sinto-me vazia, sinto que falta qualquer coisa. Não é normal? A felicidade não existe, não me venham com tretas, a vida é repleta de emoções e estados momentâneos. Bem, sinto também que já estou a divagar e a fugir ao assunto, como sempre. Não pensem se estão a viver a vossa vida como deve ser vivida, isso não existe. São as nossas vidas, e a vida é a provavelmente a única coisa que podemos assumir como nossa, portanto, façamos o que quisermos com ela.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Continuo a mesma, sabes. Continuo a escrever listas em post-its, continuo a apaixonar-me por olhares, continuo a devorar livros deitada na cama e a chorar compulsivamente depois de ver um filme. Não desapareci. Ainda estou aqui, a única diferença é que desapareceste dos meus dias. A tua ausência entranhou-se em mim, habituei-me, e estou viva, continuo a fazer as mesmas coisas, talvez mais até, mas o meu ser não mudou. Sabes, é assim que as coisas são, não podemos mudar, bem tentámos, eu sei, mas não deu. Eu sei que estás igual. As pessoas entram nas nossas vidas e, às vezes são elas que nos dão vida, mas elas desaparecem, é inevitável, e continuamos a viver sozinhos, como sempre vivemos, só que agora conscientes dessa solidão. E a solidão adormece e acorda, adormece e acorda, é um ciclo a que não conseguimos fugir. Mas eu continuo aqui, a divagar, deitada a escrever num caderno com uma caneta velha, a pensar em ti e a questionar-me acerca da existência da humanidade, o costume não é? Pára de pensar, pensas demasiado, demasiado, acalma-te! Vês? Estou a mesma pessoa. A escrever coisas que me vêm à cabeça, espontaneamente, perdida em mim e em memórias mortas por nós.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Estranhamente tenho sentido uma alegria inexplicável, sinto-me incapaz de sentir aquela tristeza que tanto me faz sentir eu mesma, que me faz viajar pelo complexo da mente. Ou sinto apenas indiferença? Bem, se calhar continuo a mesma confusão de sempre, mas encontro-me num estado diferente, que não consigo descrever. Falta-me qualquer coisa, preciso de sentir aquela tristeza saudável! É apenas momentâneo, penso eu. Se calhar porque não tenho estado sozinha o suficiente.
Essa necessidade tem-me sido tirada, será isso? É na solidão que me encontro, que me conheço. Portanto, agora deixem-me.
Preciso de entristecer.


(apenas umas coisas escritas espontaneamente, para variar)

Fotografia: Queima-me










quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Fotografia: Pré Sol Posto


Só mais um magnífico pôr-do-sol, e uma criança feliz na sua simplicidade.








se os grãos de areia
que o vento traz,
que me cercam os olhos,
me cegassem as mágoas,
talvez eu conseguisse
-apenas por um instante-
saborear uma leve alegria.







terça-feira, 16 de agosto de 2016

"Sad is happy for deep people"

Estava, à uns dias, a passear a beira mar com o sol a pôr-se, acompanhada por uma pessoa que me é muito querida e conversavamos sobre a tristeza e como esta é tão ampla no seu conceito, e essa pessoa citou "Sad is happy for deep people". Fiquei em silêncio durante uns minutos a reter a frase e refleti muito sobre esta.
De facto, o que é a tristeza? É tão abstrata! Mas, falando de uma tristeza leve, esta torna-se numa estranha forma de alegria. Como hei-de me expressar claramente! Por exemplo, ver um filme, um filme que nos faz sentir melancólicos ou qualquer outro adjetivo que simplifica a tristeza, fico estática. Estática nos meus pensamentos, sentimentos, emoções...acho que a tristeza me desperta algo dentro de mim, faz-me sentir! Acho que é nela que encontro a beleza do mundo, do ser, que me acalma, que me faz parar a rotina, a realidade ingénua, e viajo pelos pensamentos e sonho. Sentir tristeza é sentir, é uma estranha forma de viver talvez. Uma forma de acordar o nosso verdadeiro eu. Não sei, já estou a divagar, mas acho que já esclareci o meu ponto de vista, pelo menos, assim espero.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

às vezes,
pareço que estou num filme.
como hei-de explicar esta coisa estranha, não é.
a alma abandona o corpo, como se morresse,
se é que a alma não morre com o corpo,
e me observasse de longe,
como se estivesse a ver um filme,
ou a ler um livro,
e sou uma personagem,
mas uma personagem interessante,
tipo Amélie, ou Lisbeth,
é como se tentasse fugir,
involuntariamente, a esta realidade,
de ser eu.
não sei,
mas gosto de sentir isto,
isto de sentir leveza,
calma.
Como se voasse,
transparente,
livre.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Fotografia: Silêncio

Partilho aqui um conjunto de fotografias escolhidas de várias tiradas ao mais belo pôr-de-sol que já presenciei nesta curta vida a minha. Espero que vos agrade, mas claro, não transmite os sentimentos deste belo momento, em que o céu encheu-se de cores e refletiu-se nesta lagoa tão calma, não consigo expressar a beleza por palavras, mas as fotografias existem para quando as palavras não chegam.
















domingo, 31 de julho de 2016

As pessoas tornam-se fotografias numa pasta esquecida no nosso computador.
E, quando a dor aperta,
queremos visitar essas fotografias,
para abraçá-las de novo,
a dor aumenta.
Elas não existem mais.
Apenas caminham e pisam o nosso coração,
outrora delas.
Lembramos o que elas foram,
mas não sabemos o que elas são hoje.
E as fotografias fazem-me pensar,
fazem-me sentir,
o amor que senti no passado por elas,
que também já não existe.
Nem eu existo nessas pessoas.
Também sou uma pasta esquecida,
misturada num presente e num futuro,
que hoje não pertenço.
E caminhamos em caminhos opostos,
e as nossas mãos não se tocarão,
mas lembro-me da suavidade da tua pele,
e lembro-me do teu afecto,
e sei que um dia as nossas almas dançaram
esta noite chuvosa.
Mas os beijos não duram para sempre,
muito menos as danças,
então, recordemos esses dias com amor.
E levemos esse amor no caminho árduo,
que é a vida,
esta vida que a cada dia me come mais um pouco a alma.
Mas sorrio,
sabendo que a minha alma foi uma vez tua,
e a tua minha,
e que o amor existiu e esse nunca morre,
e que um dia,
não tive motivos para ser só solidão.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Basta-me

(texto escrito na praia)

Escrevo enquanto oiço as conversas entre as gaivotas, as ondas umas contra às outras e a nascente do rochedo. Como as palavras se tornam insignificantes aqui! Não, não quero ouvir palavras, não preciso delas aqui. Tenho o mar, tenho as rochas, tenho as gaivotas e ainda o barulho da minha mente, que tanto me atormenta, oh, mas quando ela desliga! Fico eu e a imensidão selvagem da natureza. A pureza da vida. Eu, ser humano insignificante, a sentir a areia na pele e o mar na minha carne e mergulho, mergulho eternamente nas ondas que me querem levar com elas para a sua profundeza, mas eu quero vida. Quero viver, quero sentir, sentir tudo a viver. Quero ouvir todos os mares desta existência. Que minúscula sou! Que coisa insignificante nasceu. Existo apenas para ver isto? Como isso basta! Nasci para sentir o mar, para ouvir as pedras, para engolir palavras. Ah! Como isso me basta!

Ondas

Respiro estas ondas
que um dia me tentaram
levar a alma,
mas delas só levo,
o poder da vida.

                                   (o meu irmão a aventurar-se nas ondas selvagens)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Querido,
não me recordo
se palavras de agradecimento
me saíram da boca
quando me beijaste de adeuses
e os teus olhos brilharam
da tristeza do fim.
Porque o teu amor
foi uma flor que cresceu em mim,
que não murcha,
e que mesmo na tua ausência,
continua a florescer.
Será ainda a inconsciência do teu desaparecimento?
Ou o teu amor foi, e é,
o curativo para a minha alma?
Só responderei
quando ouvir a tua voz,
só mais uma vez.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Coração Cheio

Ternura
é quando a minha mãe
chega do trabalho,
às sete da noite,
a coxear de cansaço,
e faz um bolo de amor.
Carinho,
é quando o meu pai,
me abre as persianas,
logo pela manhã
para me dar um beijo
na bochecha nua.
Amor,
é quando o meu irmão
abre a porta do meu quarto,
a horas más,
e pergunta-me "Queres jogar alguma coisa?"

Cresci rodeada de sentimentos cheios.
Se família não chega,
não sei que mais posso desejar,
se este amor não há maior.
Cresci de coração mimado,
com sorrisos rasgados,
e lágrimas secas,
sempre a transbordar
de gestos de amor.

Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain

Depois de ver, mais uma vez, este filme maravilhoso, a vida de Amélie, não pude privar-me de um momento criativo. Não traduzo o que escrevi neste desenho, para vos dar trabalho e ir ver este filme, que está na minha lista de preferidos e de filmes de uma vida. Vejam!

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Não sei viver

Finalmente, conclui a minha existência:
Não sei viver.
Não sei viver, mãe.
Escondo-me nos lençóis,
Aqueço-me nas mil histórias
que os livros me contam.
Vejo os mesmos filmes,
repetidamente,
infinitamente.
Isto não é viver.
Eu não sinto.
Não sinto nada.
Apenas preencho este vazio
de não saber viver.
Só queria ter coragem
de agarrar uma mão que não a minha.
Só queria ter forças de soltar palavras,
mas tudo se me prende na garganta.
Os meus ossos são de vidro.
Pára, cérebro, pára!
Liberta-me!
Liberta-me deste peso de ser quem sou.
Larga-me de pensamentos, de complexos, de constrangimentos.
E deixa-me viver

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Sem certezas

Acho que me cansei de erguer a voz àqueles que não querem ouvir.
Acho que desisti de dar o meu tempo àqueles que o desperdiçam.
Acho que me perdi quando senti aqueles que não me sabem sentir.
E, aqui estou, a escrever neste papel gasto que se rasga com a minha tristeza, com a minha melancolia, de este cansaço de sentimentos.
Invejo a ausência das emoções exaustas. Como seria se me fosse indiferentes um simples gesto! Para quê complicar, coração! Para quê chorar. Sentir demasiado é sofrer em demasia.
Se tudo me fosse simples,
como grãos de areia,
a felicidade seria tão mais fácil de alcançar. Mas dissipa-se por entre os meus dedos.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Passado eterno


Uma pequena pintura feita com acrílicos em papel formato A2, acompanhado por um texto.

Recordo o
passado
que nos
era eterno.
Agora é um
vazio da tua
ausência e
sussurros da 
tua voz, que o
tempo
apagou
da 
minha
memória.
És apenas
uma
recordação
em cacos
no meu
coração.