terça-feira, 28 de junho de 2016

Respirem

Segue-se um pequeno texto espontâneo, escrito à uns dias:

A vida está cheia de pequenos prazeres que preenchem a ausência de um outrora amado. Prazeres tão simples, tão insignificantes, como sentir os grãos da areia nas plantas dos pés, o cheiro a maresia ou escrever com um lápis afíadíssimo e, até, sorrir a um estranho. Para complicar e entregar-me à saudade? A saudade é eterna, ela não desaparece e quando achamos que sim, ela volta a bater-nos inesperadamente, à porta, mas é possível minimizá-la. Livremo-nos do vazio que deixaram nos nossos corações. Libertemo-nos da amargura da saudade e da morte, e bailemos ao som do mar. Seremos inconscientes por um instante. Esquecemos a fome, a morte, a guerra, a desgraça, no mundo horrível em que vivemos e expiremo-nos o ar puro da Natureza, soltemos os braços, deitemo-nos na relva. Vamos contemplar a vida. Para quê viver a dor todos os dias? Entreguem.-se à liberdade de sermos sozinhos. Fechem os olhos e concentrem-se nas sensações. Tão simples. Estamos vivos.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Poema saudade

Querido,
Meu amor.
Não somos só memórias
e feridas.
Fazes parte de mim.
Eu de ti.
Durmo em paz
porque fomos um.
Agora és apenas
um pedaço da minha alma,
mas levo-te comigo,
para o meu eterno sono.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Review: Melancholia

Vi hoje, mais precisamente, agora, um filme de Lars von Trier, Melancholia e quis vir escrever uma review espontânea sobre o que sinto a este filme.

Estou apática. O filme é muito intenso, de todas as maneiras. Mas, resumindo, é um filme que retrata a solidão, na sua totalidade. Representa a insignificância do ser humano. O filme tem duas partes, focando-se, cada uma, numa personagem. Na primeira parte, assiste-se a um casamento aparentemente feliz, focado na noiva, e a sua felicidade vai diminuindo ao longo do filme, e esta é apoderada por um desprezo total pelo que lhe está a acontecer, quando na maioria das pessoas, é talvez o dia mais feliz da sua vida. Na segunda parte, assistimos ao pós-casamento, onde a personagem principal é a sua irmã, feliz com o seu marido rico e um filho pequeno. Paralelo a isto, um planeta aproxima-se da terra, trazendo consigo o medo da morte.

E como reagem as personagens perante ao apocalipse?
A noiva, depressiva, indiferente, triste, fica calma, serena perante à catástrofe.
A irmã, feliz, completa, fica em pânico, aterrorizada.

Que se conclui do filme?
A dimensão psicológica das personagens. A noiva, que conclui que estamos sozinhos, que não interessa morrer porque a morte é inevitável, assim como a solidão. E a irmã, que acredita na eterna existência, na vida, não só a humanidade, mas a vida na sua totalidade no Universo. Um filme sobre a depressão, a solidão, unidas ao fim. 
Mas nunca chegamos a conhecer as personagens. Quem elas são, o que fazem, o que sentem. Apenas o seu estado, a sua reação perante ao fim da existência, que nos aproxima do que poderiamos sentir nessa situação, quem seremos? O indiferente e conformista, ou o esperançoso e incrédulo? Existe vida além disto? Existe alguém além de nós? Ou é tudo indiferente? 

Aquilo que vejo é naquilo que acredito. Aceito a morte, aceito a inexistência do meu ser, mas não posso acreditar que somos só sozinhos. É isso que somos? Sozinhos? Sempre? Para sempre?
Todo o nosso passado, tudo o que somos, tudo o que fizemos e que somos, "sabem a cinzas". Somos todos sopros da existência limitada. Conformemo-nos ao destino, ao Fado. Demos as mãos, chorem os esperançosos, sorriem os serenos, fechem os olhos os inconscientes! Mas morremos de mão dada, para apagar um pouco essa solidão.



(peço desculpa se estiver medíocre, foi escrito na tentativa de transmitir todos os meus pensamentos e sentimos que o filme me suscitou, sem preocupação na coerência e na gramática)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Obrigada, Adeus Amargo

Não estou mais triste.
Todas as lágrimas derramadas,
são agora cinzas que voam com o vento,
e todas as minhas sensações,
são para eu viver.

Não choro mais,
não me encosto no fundo do quarto,
a lamentar pelo que perdi.

O adeus amargo,
por ti deixado,
é agora uma força em mim.

Tudo o que fui,
tudo o que fiz,
não sou eu.
Nunca mais.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Dispersa

Por vezes, distraio-me nas aulas, sejam elas quais forem, e viajo ao íntimo do meu ser e encontro-me na introspecção. Este é um pequeno poema espontâneo (e o desenho que o acompanha também), que é seguinte:

Penso nos teus olhos,
negros, sem brilho, sem cor.
Apenas escuridão.
Mas quem diria que olhos tão negros,
tão baços,
pertencessem a tamanha alma.
Que disparate é esse dos olhos
serem o espelho da alma,
quando o teu negro me dá vida.

(um poema medíocre mas decidi partilhar)


sábado, 11 de junho de 2016

Figura Humana: La Main

Desenhos a grafite






Figura Humana: L'Homme

Aqui seguem-se apenas três da figura masculina, pensei que tivesse mais desenhos, digamos, bem desenhados. .

Desenhos a grafite






Figura Humana: La Femme

Hoje vou colocar aqui alguns (bastantes) desenhos que foram feitos durante o mês de Abril e Maio, nas aulas de Desenho, maioritariamente de figura humana, e alguns em modelo nu. Espero que vos agrade.

Aqui seguem-se os de Modelo Nu: La Femme




(carvão)


(grafite)


(tinta-da-china aguada)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Velas frias

Queimei-me nos teus braços,
quando o teu calor
preenchia o frio da minha alma.

Derreteu-se em mim,
algo que eu não sei,
mas o perdi para ti,
para esse calor do teu ser.

Agora sou bocados gelados,
de um inverno solitário,
que se esquecera do verão humano,
aquecido pelos teus braços.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Sou uma tempestade, ou um vazio

Eu fui uma tempestade, uma tempestade tenebrosa, forte, cheia, viva, que quebrou a calma e a serenidade do teu mar. Cheguei para te partir as paredes, para derrubar o teu chão, e enchi-te com a minha alma e com os meus complexos. E tu abraçaste-os, amaste-os, aprendeste com os teus erros. E eu fugi, desapareci, deixei-te com cacos partidos da tempestade, essa tempestade que fui eu. E tu ficaste com os cacos para construir uma bela alma, a tua nova alma. E vais abraçar mais tempestades e vais amar, mas não vais ter mais cacos, porque foram com os meus que renasceste. O que eu gritei, o que eu chorei, o que fiz para renascer enquanto eu estava aqui. Mas as tempestades não são eternas. Eu não sou eterna. E deixei-te e amaste o que eu deixei. Nunca amaste o que fui, mas amaste o que eu deixei. E não te vou perdoar, por ser cacos, por ser pedaços para seres melhor. Não passarei de um agradecimento e de uma memória destrutiva. E as lágrimas derramam-me por ter sido uma tempestade passageira que permitirá uma vida calma, uma vida cheia, porque o vazio sou eu.