sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Bom Natal, senhor
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
Passo horas infinitas sentada nesta cadeira.
Observo as centenas de caras que passam por este corredor, tão perto de mim, e imagino-me entre elas.
Imagino-me feliz, completa, ocupada. Imagino-me comum, banal, como eu tanto gostava de ser. Como eu gostava de estar entre esta multidão de gente, a fervilhar de pensamentos superficiais, a fugir da instropeção e auto-análise que este tempo morto me traz. Livrar-me deste estado permanente de constante estagnação perante a realidade em que vivo.
E as horas passam, os dias, as semanas, e nada muda.
Continuo aqui sentada, mergulhada em pensamentos,
impossíveis de me libertar.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Fotografia: Luzes
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
Mas não consigo sentir nada.
Não sei quem sou.
Passo horas a olhar o vazio, em branco.
Porque não tenho tempo. Não consigo pensar em concreto no que me está a acontecer.
Tudo gira à volta do trabalho, da faculdade. E chego a casa, com dores nos pés, saturada fisicamente, que me tem matado aos poucos o meu psicológico.
E começo a sentir na pele a conformidade. Que diabo me foi atingir! A conformidade! Parar, estagnar, ficar aqui, não querer nada, não sentir nada.
Preciso de parar.
Preciso de me reencontrar.
Crescer é isto?
Abandonar o que sou? Fingir?
A minha criatividade morre aos poucos,
Não me morras.
Leva-me.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
O teu cão morreu? Então, compra outro.Só a ideia de comprar animais já me é inatingível.
O teu namorado acabou contigo? Há mais peixes no mar. O quê? Isso é suposto consolar-me? Comparar ser humanos a peixes é bastante razoável e tudo.
Nunca entendi.
Esta ideia de substituir ser normal, ser uma regra. Que o que morre, é substituível, a vida continua. A vida continua, mas o que morreu, morreu, morreu em mim, em nós, transformou-se num vazio na minha alma, que ninguém, nada vai substituir.
Ficaria extremamente triste se as pessoas que amo pensassem que alguma vez as poderia substituir. Nunca. O amigo, o namorado, esses rótulos são palavras vagas. Somos tão densos, tão intensos.
As pessoas vão e vêm, é verdade, mas o que foi, não volta. E vamos procurar sempre o que foi perdido, e vamos achar que foi substituído pelos sentimentos que nos suscitam. Mas não. Cada pessoa é constituída por mínimas características que a definem, que nos fazem amá-las assim. Que não existem noutra pessoa. E é esta a magia das pessoas. Nada mais.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
E tudo se
eu pudesse beijar-te as têmporas,
passar as minhas mãos geladas
pelas tuas costas quentes.
Na esperança
de me salvares
do gelo em que a minha alma se torna
nos dias de chuva.
E se,
eu te beijasse a nuca,
que anda nua em dias frios,
e passa-se as minhas mãos quentes,
nos teus ombros e clavículas,
como se me fossem estranhos,
completamente estranhos.
Tu,
uma novidade eterna.
Tu,
uma incógnita certa.
(está mais ou menos)
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Eram 18 horas, um frio de rachar ao pé do rio, a comer bolachas depois de um longo dia para aguentar três horas a dançar. E, neste borbulhar de pensamentos e organizações mentais, olho para o rio Tejo. Ainda havia uma mísera luz do céu e as luzes da rua mergulhavam nas águas. Parei, desliguei, observei. E entrei num estado de perplexo total, absoluto. Não era mais a Inês conflituosa e complexada, era apenas um ser humano insignificante (continuo a ser) a olhar a simplicidade deste mundo e tive uma vontade tremenda de chorar. Chorar de felicidade, por poder, num curto intervalo do meu dia, observar a beleza que existe. Os brilhos da noite, o cheiro a maresía e o rio a meus pés. Pude respirar fundo. Pude livrar-me de todas os pensamentos que me corroem por dentro tantas vezes. E esqueço-me que preciso disto. Preciso de fugir a esta realidade, preciso de socorrer a pequenas coisas, à Natureza. Esqueço-me que sou feliz e inconsciente quando me deito na relva e olho as folhas das árvores. Esqueço-me que sou feliz quando abraço crianças, quando mergulho no mar, quando vou ver as flores da minha avó. A Natureza vale mais que toda esta complexidade existente em nós. Mas não é ela também complexa? Uma complexidade contrária à nossa, que se torna simples, talvez. Não sei, mas ela salva-me durante uns breves minutos.
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Não sei se já outrora mencionei, mas a dança é uma das minhas paixões. A dança contemporânea, para ser exata. Sim, quando me afirmo como sendo pseudo-artista multifacetada, é verdade, lá tento criar qualquer coisa com as palavras, com traços e tintas, mas também com o meu corpo, e em breve, vou experimentar o teatro. Enfim, uma eterna curiosa pelo lado sensível da humanidade. Mas não é disso que venho falar, aliás, o que disse agora tão diretamente sobre o eu, acaba aqui (assim tentarei). Vou agora, descrever um acontecimento que me marcou hoje, dia 23 de Novembro de 2016.
Fui à aula de dança contemporânea, com um Professor que faz sempre exercícios de acontecimento fora do normal, que uma pessoa de fora que nos visse, acharia uma completa loucura ou então, realmente, que preenchesse o estereótipo da muito incompreendida dança contemporânea. Entendo que seja. Não é de todo uma dança para divertir, para entreter, para ser um momento agradável. Pelo menos, eu choro a ver esquemas de dança contemporânea. Mas esta modalidade é um mundo, há várias danças na dança contemporânea. Umas que puxam mais pelo pensamento e parte emocional, outras que nem tanto, mas tem essas características como base.
Continuando o episódio, o professor hoje pediu-nos uma coisa que me apeteceu, por um lado, fazer o exercício com garra, mas, por outro, fugir a sete pés."Vão ter de olhar diretamente nos olhos de outra pessoa, sem o desviar, e podem roubar olhares, mas nunca podem ficar a olhar o vazio, agarrem as pessoas". Terei sido a única naquela sala com 20 pessoas que fiquei ligeiramente em pânico? Olhar nos olhos durante minutos? Em movimento? Sempre me foi difícil olhar diretamente nos olhos das pessoas, nem sei bem explicar o porquê. Se capto o olhar de alguém, essa pessoa, essa cara, esse nome, fica eternamente na minha memória. Não vou esquecer as caras que olhei durante tanto tempo no dia de hoje. Será de mim, esta inquietação perante o olhar, o mais emocional, metafísico e misterioso membro do corpo humano? Sempre que o meu olhar encontra outro, uma onda de arrepios trespassa-me. Será isto uma espécie de magia? Um contacto visual, um contacto que acontece num universo paralelo, que une duas pessoas por breves segundos que, depois, passam a ser desconhecidos e esquecem-se no resto das suas vidas.
Olho as pessoas e imagino o que fazem, o que são, o que gostam, o que as motiva. E, talvez o olhar desvende mais que a boca. Talvez, essa ideia que o olhar nos dá de determinada pessoa é mais agradável do que ela realmente é. Talvez não, tenho a certeza que é quase sempre assim.
E olhei, profundamente, cada pessoa nos olhos. Uns castanhos, outros azuis, uns mais brilhantes que outros, uns sorridentes, outros tristes...E perguntava-me acerca delas, dos seus nomes, das suas paixões. Bem, tínhamos todos em comum a paixão pela dança contemporânea. É estranho, porque sempre que os encontrar dir-lhes-ei um breve olá, quando outrora conhecemos os olhos, o olhar, uns dos outros. Os nossos corpos entrelaçaram-se na dança, e os olhos, apenas abraços calorosos. E o verbo agarrar! Agarrem as pessoas, assim disse o professor. Não poderia concordar mais. É agarrar com toda a força.
Tudo isto é estranho de afirmar. É estranho de explicar. Talvez pensem que sou doida. Talvez seja. Provavelmente sim.
Drowned
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Night Thoughts (idk)
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
E concluí, que Valter Hugo Mãe não foi a única criança solitária, silenciosa, fora do vulgar. Os grandes génios são introvertidos. Não que eu seja um génio ou algo que se pareça, mas eu não fui uma criança diferente, antes pelo contrário. Hoje sou tudo o que não fui na minha infância. Era faladora, ria, abraçava as pessoas, era tão fácil dar a mão nessa altura. Mas fui-me moldando, fui-me tornando menos faladora, mais observadora, mais ouvinte, e também mais pensadora. Terrível livrarmo-nos daquela simplicidade feliz da infância, e o pensamento auto-destrutivo nos apoderar, nos derreter por dentro. Portanto, talvez nunca conseguirei alcançar este dom da escrita. Nunca serei especial. Não queremos todos ser especiais? Torna-se uma banalidade querer ser especial, querer ser diferente. Mas já fui mais igual, já fui mais simples. Não queremos todos destacar-nos? A vida não é como nos filmes. Ainda tento tornar a realidade nesta ficção com que me rodeio, neste mundo encantado em que vivo, aliás, onde o meu psíquico vive.
Portanto foi isto que pensei, que nunca serei especial, nunca me destacarei, porque nada faço que realmente valha a pena, as minhas palavras não são tão fortes como eu gostaria. Mas continuo a viver.
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
Review: Pride and Prejudice
I deeply love Pride and Prejudice, from an amazing author that I also like and read other books, Jane Austen. I already read the book, and watched the movie and the Tv Show from 1995 and I must say I loved them all. I confess that I love books who also have a movie, because when I finish a book, what really hurts the most, is saying goodbye to the characters, and a movie allows me to watch and always love a little bit more! Well, some movies I must say... But Pride and Prejudice is probably the story I love the most and my love for the book is just the same as the television productions.
I don't know why I love this story, honestly. It's a love story, in the XVIII-XIX centuries. About a man that falls madly in love with a woman, but not any woman. In that time, the duty of a woman was to be married, but a good marriage, of course, with a rich man, with a respectful profession, well seen by the society. Well, let me start by the beginnig. It's about a family, a couple that had the misfortune of conceiving five daughters: The Bennets. But the Bennet girls are very different among them. We have Jane and Elizabeth, the eldest girls, who are the prettiest and also, the smartests. Then, there's Mary, a little bit anti social (I confess that I really like her), Kitty and Lydia, the silliest girl in England, says Mr.Bennet, their father. I'll consider that you, reader, already know the story, at least you should. Elizabeth Bennet is the most amazing character of this novel. I think Elizabeth is probably one of the first feminists in literature, because she didn't really believe in marriage and she thought a little bit of her condition of being a female in a society ruled by man, but they say that Jane Austen was conservative, so I don't know, I guess is my opinion then.
Then, two young men came to leave near by this family and they all know each other in a Ball. These two young men, Mr.Bingley and Mr.Darcy, get acquainted with the Bennets, especially Mr.Bingley that falls in love with Jane. I just adore this idea of love, this way of only get to know the best part of a person, their appearance, the smiles and how they interact. They fall in love so easy in Jane Austen's novel, how envious I feel! And Mr.Darcy, that fell in love with Lizzy when he firts heard her, well, I understand, Lizzy is so sarcastic and intelligent, I'm with you Darcy. So yes, Jane Austen gives us this hopful and easy love.
We all know what Elizabeth feels about Mr.Darcy, that silent man, that speaks rudly to people, always seems indiferent to the feelings of others. She hated him, from the very first time she saw him. And then, she mets Mr.Wickham, a shameless and unchristian man, that knows Darcy since infancy and tells lies to Elizabeth about his character bla, bla, bla, we all hate him and we think, for a moment, that Elizabeth is a fool to believe in him. But Mr.Darcy, with is cold approach, we give Lizzy some credit.
Although Lizzy's indifference, Darcy declares to her. "You must allow me to tell you how ardently I admire and love you", Oh god, this words always melt my heart (I seem romantic but I am not, I just really like Romanticism, it's different!). But she hates him, he is a hateful man, full of pride and disdain. But we all know that this are prejudices, Darcy is a kind man, and do anything for the ones he truly cares, and love.
It's a novel about, not only love, but about judgements, and it's quite alike today! We judge people for what they dress, what he heard about them or what they had done, but people change and we have to know people to actually make a plausible judgment. I guess our society always lived through this shitty thought about appearance and past mistakes! People change, people are so much more then what they show to us, please, be kind, understand and hear people, before you judge. It can be a surprise. Elizabeth Bennet ends by loving Darcy, "most ardently"
(sorry again for any mistake)
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
domingo, 30 de outubro de 2016
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Review: Le Diamant Noir
Tive a oportunidade de ver 6 filmes, todos maravilhosos à sua maneira. Gostaria de escrever sobre os seis mas as palavras não chegam. Decidi escrever sobre o Diamante Negro.
Le Diamant Noir é um filme estranho. Muito estranho. Mas os melhores filmes são esses, certo? Começa por ter uma sinopse invulgar. Uma família que fabrica e comercializa diamantes, em França, provavelmente descendentes de alemães (pelo menos, o apelido era alemão e falavam alemão). O filme começa com dois rapazes jovens, um a polir um diamante, e outro a observar, por volta dos anos 60/70. E o rapaz que polia, sofre um acidente, a sua mão entra na máquina e consequentemente, fica sem ela. Esta cena é nos apresentada com um início de máximo silêncio, com uma filmagem crua, com zooms muito fortes, e apenas ouvimos o grito do rapaz e, o rapaz ao lado dele, que mais tarde sabermos ser o seu irmão, nada fez, apenas observou. Portanto, o filme começa logo de um modo chocante, deixando muito a desejar.
Estamos agora em 2015, e é-nos apresentado Pier, um jovem, que trabalha na construção civil, e é ladrão nos tempos livres. Sabemos mais tarde que é filho do rapaz que ficara sem mão na primeira cena. Isto porque o seu pai morre, e Pier não sabia nada dele há 19 anos, porque o seu pai cortara ligações com a sua família e fugira. Pier, pelo o que sabia do pai, este tivera sido deserdado e ignorado pela família, pois tinha enorme talento para polir diamantes e tornara-se inútil. Pier, sendo ladrão e tendo contactos, arranja um plano para vingar o pai e, consequentemente, a si próprio, porque, devido a esse passado, Pier tem a vida miserável que tem.
O filme começa a ficar interessante, muito interessante aliás.
E Pier infiltra-se na família e no negócio dos diamantes, e conhece-a. O seu primo, o seu tio e tia, e a noiva do primo, é esta a família. Tentarei a seguir não spoilar muito o filme, porque é de facto excelente mas pretendo transmitir a mensagem que o filme me deu.
Portanto temos um rapaz pronto a vingar o seu pai, que nem conheceu, baseando-se em histórias e rumores ouvidos de um lado, do lado do pai. Mas depois, Pier acaba por familiarizar-se com ela. Pier descobre que tem o talento do pai e pretende polir diamantes, sendo mais fácil roubar os diamantes valiosos do negócio do tio. Então e agora? Já nutre algum amor pela família, mas quer vingar o pai. O filme é uma eterna incógnita de acontecimentos (é essa a maravilha do cinema francês). O tio adora Pier e considera-o como um filho, apesar de saber que ele é uma pessoa imperfeita, até cruel, mas é filho do seu irmão, é sangue do seu sangue.
Estamos perante um homem cruel, cheio de incertezas, mas mau puramente que não consegue fugir à sua natureza, apesar de ser amado, de receber oportunidades e ser bem recebido. Ele não consegue escapar ao seu ser. Ele é uma pessoa má, e ponto. Durante o filme senti alguma compaixão por ela e talvez algum carinho pela personagem, mas ele é mau.
Outra mensagem a reter é a veracidade dos factos. Muitas vezes uma história generaliza as coisas e torna a sua verdade única. As histórias únicas são uma perspetiva, não são uma realidade absoluta.
Talvez achem esta review confusa, só mesmo vendo.
Não tenho a certeza se o filme vai estrear no cinema, provavelmente sim, estejam atentos, o filme é excelente, um pouco pesado e possível a confundir o pensamento (mind fuck alert)
Uma da manhã, quarta-feira, e tenho este desejo de me soltar destas quatro paredes sufocantes para o ruído dos meus pensamentos, e aconchegar-me no breu do céu, abraçar o frio da escuridão, observar a negridão do dia. Sempre gostei de me deitar e observar o céu, por vezes só preto, outras estrelado,a horas indecentes, onde só se houve silêncio, onde sou dona do tempo e do espaço. Não sei, foi sempre um aconchego para a minha pessoa. Sempre que tenho essa possibilidade, tento fazê-lo. Acampamentos são a melhor altura para o fazer. Preciso desse isolamento, de ficar a sós com a existência, com a dimensão desta, e confortar-me na inutilidade que sou, que não significo nada, que não sou nada. Isso conforta-me, aquece-me, neste frio gélido escuro.
terça-feira, 18 de outubro de 2016
este vazio que me acompanha,
que me hesita,
que polui a minha respiração,
que distorce o meu olhar,
se me impede de viver.
-se viver no seu absolutismo,
é ser feliz- como o conseguirei?
Nem sei dar um nome a este estado,
a este sensação...
Será saudade?
Viver é perder.
Perdemos tanta coisa,
substituímos essa perda,
na esperança de viver.
Mas nada substitui.
Tudo é único, completo.
Portanto continuarei assim,
a sentir a tua falta,
a viver a tua perda.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Comentário: Nobel da Literatura 2016
Ora bem, não sei se me vou fazer entender neste comentário, mas como tenho estudado esta pergunta ao longo de umas semanas, encontrei a minha resposta. A literatura vai além das palavras. A literatura não é leitura. São coisas distintas, que se interligam obviamente, mas os conceitos são diferentes. Quem escreve música, poesia, ensaios, ou algo que não envolva livros, também faz literatura. Porque a literatura não são apenas um conjunto de palavras, não é linguagem. Segundo Roland Barthes, a língua é fascista. E não é mesmo? Eu falo com um propósito, para comunicar, para fazer com que o destinatário da minha mensagem se torne seguidamente o transmissor, e assim sucessivamente. A literatura é mais do que isto. Não tem de fazer sentido, não tem regras, não é uma obrigação, serve apenas para expressar os meus pensamentos, ou nem isso, posso fazer dela o que me apetecer. E é essa a magia da literatura! Ser o que eu quiser. Podemos considerar este comentário literatura? Não, porque estou a comunicar. Os poemas que escrevo são literatura? Talvez, não escrevo com um propósito, são apenas palavras soltas sem sentido, sem coerência, sem regras de gramática e linguística.
Portanto o prémio foi bem atribuído. A música é das mais belas artes existentes na humanidade, e quem a faz, deve ser reconhecido. Às vezes nem é a melodia que se adora, mas a letra. Não só músico, mas escritor e poeta. Não escreveu um livro, mas escreveu os nossos sentimentos. E isso é Literatura.
domingo, 2 de outubro de 2016
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Quando saio à rua no pré-amanhecer, no qual o céu está da cor daquele azul, extremamente belo, calmo, sereno, acompanhado por uma frescura que não é fria, e tudo é silêncio. Não há carros a circular, não há pessoas a intimidarem-me, os sinais ainda estão intermitentes, e posso cantar a música que sai dos meus fones e posso dançar. Sou livre a esta hora.
No metro, a uma hora razoável, em que posso observar os rostos que nunca antes vira e através deles, imaginar as histórias que já passaram por eles. Conhecer as pessoas pela minha imaginação, que é, sem dúvida, muito mais fácil.
Um sorriso de um estranho, um gesto de ajuda, um peço desculpa atrapalhado, um obrigado sincero, um olhar. Gestos humanos, que me fazem sentir calor no peito.
O final de tarde, o sol a encadear-me os olhos, ver tudo de outra cor, ou escuridão. O calor na pele, o vento que faz com que os cabelos me ceguem, acompanhados pelo sol. Fechar os olhos e viajar.
Estar só. Somente só.
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
Não me pergunto muitas vezes o porquê da minha existência e o que faço aqui, neste lugar indefinido. Acho que caí no conformismo, ou vejo outra coisa. Olho para o céu estrelado e vejo apenas isso e faz-me aperceber da minha insignificância, da minha inutilidade, no entanto, esse pensamento abandona-me quando volto à minha realidade: este quarto. Estes móveis, estes livros, esta confusão de objetos, de pensamentos, de sentimento e de gritos inaudíveis. Sou eu. É isto.
Existo aqui, agora, onde procura algo que saiba fazer, dentro desta pequena dimensão, neste sistema de farsa, de colisões, de iludidos. E, cheguei à conclusão, que apesar do seu inferno, eu encontro mais amor que ódio. Não é este quarto que me motiva nem os objetos dentro de si, nem o dever que me faz levantar todos os dias. São as pessoas. As pessoas. São esses pequenos grandes mundos que me motivam, aliás, a todos nós. Precisamos de nós. Tudo o que fazemos, fazemos na esperança de sermos amados, de sentirmos o toque quente de outro ser humano. Eu só queria que as pessoas chegassem a essa conclusão. Que o amor é a única coisa pura que partilhamos, é comum em nós, em cada um de nós. Todos conseguimos amar.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Review: Julieta
Já me tinham dito que os filmes de Almodóvar são extremamente humanos, que retratam a fraqueza humana, e gosta muito de mulheres, tenta compreendê-las. E o filme é, precisamente, sobre uma mulher, Julieta, e sobre a sua vida, repleta de morte e consequente dor.
O filme começa com uma mulher chamada Julieta, na casa dos 40/50 anos, bonita e misteriosa, mas aparentemente feliz, pronta para abandonar Madrid e começar uma nova vida em Portugal com o companheiro. Porém, ao encontrar alguém do seu passado, ela muda de ideias. Fica em Madrid, e até muda de casa, uma casa também pertencente a uma vida antiga, e aí começa a analepse, quando escreve uma carta à sua filha, Antía.
Aparece uma bela mulher, a jovem Julieta, num comboio para Madrid substituir uma professora, para ensinar Literatura Clássica (sobe logo vários pontos na consideração do visualizador, claro). Um homem já com alguma idade senta-se à sua frente e tenta falar com ela, mas, como qualquer mulher, não gosta de ser abordada por um homem mais velho com um extremo interesse em falar-lhe. Então, ela ignora-o e abandona o seu lugar. E conhece o jovem Xoan, um pescador.
O comboio efectua uma paragem, e vários passageiros vão "esticar as pernas", mas Julieta fica no comboio. Quando o comboio inicia novamente a viagem, o condutor efectua uma paragem brusca. Alguém se matou, atirou-se para a linha do comboio. O homem que tentou falar com Julieta. E, a partir daí, a dor, a morte, a culpa, assombra-a.
Julieta e Xoan começam um relacionamento, tendo nascido desse amor, Antía. Aparentam uma vida feliz, até Julieta descobrir a infidelidade de Xoan, e depois de uma discussão do casal, este ir pescar para a tempestade, e acaba por morrer. Entretanto, Antía estava num acampamento e posteriormente foi para Madrid com uma amiga, sem saber da morte do pai. Julieta, mergulhada num luto profundo e num sentimento de culpa, entra em depressão, e será Antía e a sua amiga, Beatriz, que a ajudarão a cuidar de si mesma.
Mudam-se para Madrid, Julieta e Antía, para Antía estar perto da sua amiga inseparável. Julieta não tomava decisões, a sua apatia ao mundo não a permitiam sentir nada. Há uma cena em particular que leva o espectador às lágrimas, pelo menos a mim levou. Julieta está na banheira, apática, sem focar um ponto, leve de seu corpo, longe deste mundo, características da depressão, e Antía e a sua amiga Bea, tiram-na da banheira com dificuldade. Só de pensar nessa cena, as lágrimas voltam a mim. O amor entre mãe e filha, a ajuda incondicional, mas Julieta era a mãe, e a Antía era quem fazia de mãe, era ela quem cuidava da mãe, sendo esquecida que também ela perdera o pai, sentia-se sozinha, e consequentemente, a mãe.
Antía cresce assim, num lar distorcido, ausente de carinho, de amor, de educação. E, aos 18 anos, pede à mãe para fazer um retiro espiritual, uma experiência normal para um jovem de sua idade.
Porém, Antía desaparece...durante 12 anos.
E o filme é isto, é a dor da ausência das pessoas que mais amamos, sendo nós os culpados desse desaparecimento, sem nos apercebermos dessa culpa. E conseguimos sentir a dor de Julieta, devo dar as congratulações à atriz, Emma Suárez pela sua bela interpretação, que me levou às lágrimas várias vezes durante o filme. Porém, Antía volta a dar sinais de vida. Perdeu um filho e pede desculpas à mãe, que a perda de um filho é a maior dor do ser humano, e nunca pensou que seria possível sofrer assim.
Um filme sobre a fraqueza, sobre a dor, sobre o ser humano. Que será sempre egoísta, sempre uma vítima de um destino.
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
Diálogo ou Poema: Roses are red, Violets are blue
(o que não está a Bold foi escrito por mim)
Saber sentir, e sentir que sei
Mas saber para quê
Quando não saber é ser feliz
O que é ser feliz?
Podemos ser felizes?
Não. Somos demasiado complexos
para alcançar a felicidade.
Será a felicidade alcançável, ou
será ela apenas um estado imaginável? E
não sentido
Vou tentar imaginar. Ligo-te mais tarde.
Imaginar cansa, sê apenas feliz...
Mas imaginar é ser feliz.
A realidade é-me triste.
O que é a realidade?
É o que eu quiser.
Isso é a tua imaginação.
E não pode ser a minha realidade?
Se viveres a tua imaginação e não o
teu ser existente, sim pode
Mas eu existo sempre...
Certo?
É a única certeza que tens
Às vezes não tenho certezas. E sou
um fruto da minha imaginação.
E se o que vejo é diferente do
que vês? Se sou feita de outro
material? O que sou?
O que somos?
Nada mais do que nada
Então porque sinto ser tudo?
Porque ser tudo é um desejo e não
uma condição, entendes?
Mas eu não desejo ser tudo,
simplesmente sinto.
Ser tudo é morrer.
Então, ao morrermos alcançamos
a perfeição?
Não, mas é o final perfeito
Porque não pode haver outro.
Essa sim, é a única certeza
sexta-feira, 9 de setembro de 2016
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Aproximadamente longe
(sinto que este texto ficou tão contraditório e estranho)
terça-feira, 6 de setembro de 2016
Review: Ruby Sparks
Calvin, um ser humano complexo, perdido, triste, sem qualquer perceção sobre o seu futuro amoroso, e também com dificuldades em conhecer mulheres, imagina a pessoa perfeita, fruto apenas da sua imaginação, da sua escrita. Imagina a sua cor de cabelo, cor e feitio dos olhos, o seu sorriso, a sua infância e a sua educação, o que gosta, o que não gosta, os seus pensamentos, os seus sentimentos, enfim. E ela nasce, Ruby Sparks, salta do imaginário para o real. E Calvin é que a vai definido, como se fosse uma marioneta. Mas, não será isto um egoísmo, apenas um desejo pessoal, querer mudar as pessoas para tornarem-se perfeitas para nós, que se adaptam a nós, que são apenas nossas? Isto não é possível, e esse filme demonstra-o.
As pessoas não são para serem inventadas, ou manipuladas, e muito menos, para serem mudadas. Ou amamos pelo que elas são, ou não dá. Se Ruby faz algo que desagrada Calvin, ele vai à sua máquina de escrever o seu desejo, e tudo se resolve. Isto é apenas uma metáfora. Este filme é apenas uma metáfora. O amor entre Ruby e Calvin é belo, não temos dúvidas acerca disso, ele inventa uma rapariga conflituosa, uma rapariga irreal, mas, que na verdade, ela é tão real! As pessoas não se imaginam, elas simplesmente existem, e aparecem. Não mudemos as pessoas, Calvin.
O filme não poderia acabar melhor. Algumas lágrimas podem não ser evitadas, porque, como é óbvio, Calvin não consegue viver assim, a moral acaba por o atingir. É justo estar a prender Ruby a mim? Então, liberta-a. Acaba o livro. Ela desaparece da sua vida. Mas reencontra-a. Bem, reencontrar talvez não seja a palavra certa, ele encontra a verdadeira Ruby Sparks, uma mulher que existe, que exige conhecê-la, compreendê-la, aceitá-la, e amá-la. E assim, Calvin aceita o seu destino.
Isto não é uma história de amor. É uma história sobre o egoísmo humano. Sobre a aceitação da dor.
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
Estranha coisa esta de me apaixonar por histórias e por personagens imaginárias e torná-las na minha realidade, senti-las dentro de mim como um aperto quente. Se calhar é a minha única maneira de conectar com o real, imaginando-o, apaixonando-me por pessoas que não existem e viajar dentro delas, conhecendo-as profundamente, compreendê-las. Fecho-me do mundo nestas quatro paredes, abro um livro, e a magia acontece em mim e no espaço. E é assim que vivo, que sou feliz. Mas, de vez em quando, tomo consciência de que tudo isto é irreal, só eu existo, e estes móveis e objetos que me rodeiam, estas histórias, estas pessoas, estas paixões, são apenas preenchimentos ao meu vazio. E essa tristeza abate-me. Tantas personagens que fazem parte de mim, que, de facto, parece que consigo ter conversas intermináveis com elas na minha cabeça, compreendo-as, compreendem-me. Mas é uma ilusão. E o pior é quando encarnam essas personagens em filmes, ainda mais reais ficam e mais afeto nasce em mim. Que coisa caricata. Ilusão do real, imaginar o real, que paradoxos, ou não? Como se o real fosse uma coisa objetiva, absoluta, credível. Apenas cada um tem a sua maneira de viver. O que pensou Oscar Wilde ao dizer que apenas existimos, não vivemos? As pessoas vivem de acordo com os seus gostos e perspetivas. Lá por amar histórias fictícias e chorar por vidas inexistentes e isso fazer parte do meu viver, não vivo realmente? Apenas existo? Isso não me faz sentido, perdão Mr.Wilde, o viver é subjetivo e um conceito demasiado amplo para catalogar as pessoas. Mas compreendo a frase, só é somente uma perspetiva, não uma conclusão verosímil. Sinto-me completa e viva às vezes, outras vezes sinto-me vazia, sinto que falta qualquer coisa. Não é normal? A felicidade não existe, não me venham com tretas, a vida é repleta de emoções e estados momentâneos. Bem, sinto também que já estou a divagar e a fugir ao assunto, como sempre. Não pensem se estão a viver a vossa vida como deve ser vivida, isso não existe. São as nossas vidas, e a vida é a provavelmente a única coisa que podemos assumir como nossa, portanto, façamos o que quisermos com ela.
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Continuo a mesma, sabes. Continuo a escrever listas em post-its, continuo a apaixonar-me por olhares, continuo a devorar livros deitada na cama e a chorar compulsivamente depois de ver um filme. Não desapareci. Ainda estou aqui, a única diferença é que desapareceste dos meus dias. A tua ausência entranhou-se em mim, habituei-me, e estou viva, continuo a fazer as mesmas coisas, talvez mais até, mas o meu ser não mudou. Sabes, é assim que as coisas são, não podemos mudar, bem tentámos, eu sei, mas não deu. Eu sei que estás igual. As pessoas entram nas nossas vidas e, às vezes são elas que nos dão vida, mas elas desaparecem, é inevitável, e continuamos a viver sozinhos, como sempre vivemos, só que agora conscientes dessa solidão. E a solidão adormece e acorda, adormece e acorda, é um ciclo a que não conseguimos fugir. Mas eu continuo aqui, a divagar, deitada a escrever num caderno com uma caneta velha, a pensar em ti e a questionar-me acerca da existência da humanidade, o costume não é? Pára de pensar, pensas demasiado, demasiado, acalma-te! Vês? Estou a mesma pessoa. A escrever coisas que me vêm à cabeça, espontaneamente, perdida em mim e em memórias mortas por nós.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Essa necessidade tem-me sido tirada, será isso? É na solidão que me encontro, que me conheço. Portanto, agora deixem-me.
Preciso de entristecer.
(apenas umas coisas escritas espontaneamente, para variar)
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
terça-feira, 16 de agosto de 2016
"Sad is happy for deep people"
Estava, à uns dias, a passear a beira mar com o sol a pôr-se, acompanhada por uma pessoa que me é muito querida e conversavamos sobre a tristeza e como esta é tão ampla no seu conceito, e essa pessoa citou "Sad is happy for deep people". Fiquei em silêncio durante uns minutos a reter a frase e refleti muito sobre esta.
De facto, o que é a tristeza? É tão abstrata! Mas, falando de uma tristeza leve, esta torna-se numa estranha forma de alegria. Como hei-de me expressar claramente! Por exemplo, ver um filme, um filme que nos faz sentir melancólicos ou qualquer outro adjetivo que simplifica a tristeza, fico estática. Estática nos meus pensamentos, sentimentos, emoções...acho que a tristeza me desperta algo dentro de mim, faz-me sentir! Acho que é nela que encontro a beleza do mundo, do ser, que me acalma, que me faz parar a rotina, a realidade ingénua, e viajo pelos pensamentos e sonho. Sentir tristeza é sentir, é uma estranha forma de viver talvez. Uma forma de acordar o nosso verdadeiro eu. Não sei, já estou a divagar, mas acho que já esclareci o meu ponto de vista, pelo menos, assim espero.
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
pareço que estou num filme.
como hei-de explicar esta coisa estranha, não é.
a alma abandona o corpo, como se morresse,
se é que a alma não morre com o corpo,
e me observasse de longe,
como se estivesse a ver um filme,
ou a ler um livro,
e sou uma personagem,
mas uma personagem interessante,
tipo Amélie, ou Lisbeth,
é como se tentasse fugir,
involuntariamente, a esta realidade,
de ser eu.
não sei,
mas gosto de sentir isto,
isto de sentir leveza,
calma.
Como se voasse,
transparente,
livre.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Fotografia: Silêncio
domingo, 31 de julho de 2016
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Basta-me
Escrevo enquanto oiço as conversas entre as gaivotas, as ondas umas contra às outras e a nascente do rochedo. Como as palavras se tornam insignificantes aqui! Não, não quero ouvir palavras, não preciso delas aqui. Tenho o mar, tenho as rochas, tenho as gaivotas e ainda o barulho da minha mente, que tanto me atormenta, oh, mas quando ela desliga! Fico eu e a imensidão selvagem da natureza. A pureza da vida. Eu, ser humano insignificante, a sentir a areia na pele e o mar na minha carne e mergulho, mergulho eternamente nas ondas que me querem levar com elas para a sua profundeza, mas eu quero vida. Quero viver, quero sentir, sentir tudo a viver. Quero ouvir todos os mares desta existência. Que minúscula sou! Que coisa insignificante nasceu. Existo apenas para ver isto? Como isso basta! Nasci para sentir o mar, para ouvir as pedras, para engolir palavras. Ah! Como isso me basta!
Ondas
que um dia me tentaram
levar a alma,
mas delas só levo,
o poder da vida.
(o meu irmão a aventurar-se nas ondas selvagens)
quinta-feira, 28 de julho de 2016
não me recordo
se palavras de agradecimento
me saíram da boca
quando me beijaste de adeuses
e os teus olhos brilharam
da tristeza do fim.
foi uma flor que cresceu em mim,
que não murcha,
e que mesmo na tua ausência,
continua a florescer.
Será ainda a inconsciência do teu desaparecimento?
Ou o teu amor foi, e é,
o curativo para a minha alma?
Só responderei
quando ouvir a tua voz,
só mais uma vez.
sexta-feira, 22 de julho de 2016
quarta-feira, 20 de julho de 2016
Coração Cheio
é quando a minha mãe
chega do trabalho,
às sete da noite,
a coxear de cansaço,
e faz um bolo de amor.
Carinho,
é quando o meu pai,
me abre as persianas,
logo pela manhã
para me dar um beijo
na bochecha nua.
Amor,
é quando o meu irmão
abre a porta do meu quarto,
a horas más,
e pergunta-me "Queres jogar alguma coisa?"
Cresci rodeada de sentimentos cheios.
Se família não chega,
não sei que mais posso desejar,
se este amor não há maior.
Cresci de coração mimado,
com sorrisos rasgados,
e lágrimas secas,
sempre a transbordar
de gestos de amor.
Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain
Depois de ver, mais uma vez, este filme maravilhoso, a vida de Amélie, não pude privar-me de um momento criativo. Não traduzo o que escrevi neste desenho, para vos dar trabalho e ir ver este filme, que está na minha lista de preferidos e de filmes de uma vida. Vejam!
segunda-feira, 18 de julho de 2016
Não sei viver
Finalmente, conclui a minha existência:
Não sei viver.
Não sei viver, mãe.
Escondo-me nos lençóis,
Aqueço-me nas mil histórias
que os livros me contam.
Vejo os mesmos filmes,
repetidamente,
infinitamente.
Isto não é viver.
Eu não sinto.
Não sinto nada.
Apenas preencho este vazio
de não saber viver.
Só queria ter coragem
de agarrar uma mão que não a minha.
Só queria ter forças de soltar palavras,
mas tudo se me prende na garganta.
Os meus ossos são de vidro.
Pára, cérebro, pára!
Liberta-me!
Liberta-me deste peso de ser quem sou.
Larga-me de pensamentos, de complexos, de constrangimentos.
E deixa-me viver
sexta-feira, 15 de julho de 2016
Sem certezas
Acho que desisti de dar o meu tempo àqueles que o desperdiçam.
Acho que me perdi quando senti aqueles que não me sabem sentir.
E, aqui estou, a escrever neste papel gasto que se rasga com a minha tristeza, com a minha melancolia, de este cansaço de sentimentos.
Invejo a ausência das emoções exaustas. Como seria se me fosse indiferentes um simples gesto! Para quê complicar, coração! Para quê chorar. Sentir demasiado é sofrer em demasia.
Se tudo me fosse simples,
como grãos de areia,
a felicidade seria tão mais fácil de alcançar. Mas dissipa-se por entre os meus dedos.