Há duas semanas, o evento Festa do Cinema Francês ocupou metade do meu tempo, sendo o cinema francês uma das minhas grandes paixões. E não pude perder, como é óbvio, mesmo tendo uma agenda cheia de aulas e matérias para estudar (irrelevante).
Tive a oportunidade de ver 6 filmes, todos maravilhosos à sua maneira. Gostaria de escrever sobre os seis mas as palavras não chegam. Decidi escrever sobre o Diamante Negro.
Le Diamant Noir é um filme estranho. Muito estranho. Mas os melhores filmes são esses, certo? Começa por ter uma sinopse invulgar. Uma família que fabrica e comercializa diamantes, em França, provavelmente descendentes de alemães (pelo menos, o apelido era alemão e falavam alemão). O filme começa com dois rapazes jovens, um a polir um diamante, e outro a observar, por volta dos anos 60/70. E o rapaz que polia, sofre um acidente, a sua mão entra na máquina e consequentemente, fica sem ela. Esta cena é nos apresentada com um início de máximo silêncio, com uma filmagem crua, com zooms muito fortes, e apenas ouvimos o grito do rapaz e, o rapaz ao lado dele, que mais tarde sabermos ser o seu irmão, nada fez, apenas observou. Portanto, o filme começa logo de um modo chocante, deixando muito a desejar.
Estamos agora em 2015, e é-nos apresentado Pier, um jovem, que trabalha na construção civil, e é ladrão nos tempos livres. Sabemos mais tarde que é filho do rapaz que ficara sem mão na primeira cena. Isto porque o seu pai morre, e Pier não sabia nada dele há 19 anos, porque o seu pai cortara ligações com a sua família e fugira. Pier, pelo o que sabia do pai, este tivera sido deserdado e ignorado pela família, pois tinha enorme talento para polir diamantes e tornara-se inútil. Pier, sendo ladrão e tendo contactos, arranja um plano para vingar o pai e, consequentemente, a si próprio, porque, devido a esse passado, Pier tem a vida miserável que tem.
O filme começa a ficar interessante, muito interessante aliás.
E Pier infiltra-se na família e no negócio dos diamantes, e conhece-a. O seu primo, o seu tio e tia, e a noiva do primo, é esta a família. Tentarei a seguir não spoilar muito o filme, porque é de facto excelente mas pretendo transmitir a mensagem que o filme me deu.
Portanto temos um rapaz pronto a vingar o seu pai, que nem conheceu, baseando-se em histórias e rumores ouvidos de um lado, do lado do pai. Mas depois, Pier acaba por familiarizar-se com ela. Pier descobre que tem o talento do pai e pretende polir diamantes, sendo mais fácil roubar os diamantes valiosos do negócio do tio. Então e agora? Já nutre algum amor pela família, mas quer vingar o pai. O filme é uma eterna incógnita de acontecimentos (é essa a maravilha do cinema francês). O tio adora Pier e considera-o como um filho, apesar de saber que ele é uma pessoa imperfeita, até cruel, mas é filho do seu irmão, é sangue do seu sangue.
Estamos perante um homem cruel, cheio de incertezas, mas mau puramente que não consegue fugir à sua natureza, apesar de ser amado, de receber oportunidades e ser bem recebido. Ele não consegue escapar ao seu ser. Ele é uma pessoa má, e ponto. Durante o filme senti alguma compaixão por ela e talvez algum carinho pela personagem, mas ele é mau.
Outra mensagem a reter é a veracidade dos factos. Muitas vezes uma história generaliza as coisas e torna a sua verdade única. As histórias únicas são uma perspetiva, não são uma realidade absoluta.
Talvez achem esta review confusa, só mesmo vendo.
Não tenho a certeza se o filme vai estrear no cinema, provavelmente sim, estejam atentos, o filme é excelente, um pouco pesado e possível a confundir o pensamento (mind fuck alert)
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