Assim que soube que o Nobel da Literatura tinha sido atribuído a Bob Dylan estranhei, acho que todos nós ficámos surpreendidos e sentimos alguma estranheza. Então mas não é suposto Literatura ser entregue a quem escreve livros? Ora antes de responderem a essa pergunta, reflitam. O que é exatamente a literatura? Romances? Histórias? Associamos sempre literatura a livros e não simplesmente ao ato de escrita.
Ora bem, não sei se me vou fazer entender neste comentário, mas como tenho estudado esta pergunta ao longo de umas semanas, encontrei a minha resposta. A literatura vai além das palavras. A literatura não é leitura. São coisas distintas, que se interligam obviamente, mas os conceitos são diferentes. Quem escreve música, poesia, ensaios, ou algo que não envolva livros, também faz literatura. Porque a literatura não são apenas um conjunto de palavras, não é linguagem. Segundo Roland Barthes, a língua é fascista. E não é mesmo? Eu falo com um propósito, para comunicar, para fazer com que o destinatário da minha mensagem se torne seguidamente o transmissor, e assim sucessivamente. A literatura é mais do que isto. Não tem de fazer sentido, não tem regras, não é uma obrigação, serve apenas para expressar os meus pensamentos, ou nem isso, posso fazer dela o que me apetecer. E é essa a magia da literatura! Ser o que eu quiser. Podemos considerar este comentário literatura? Não, porque estou a comunicar. Os poemas que escrevo são literatura? Talvez, não escrevo com um propósito, são apenas palavras soltas sem sentido, sem coerência, sem regras de gramática e linguística.
Portanto o prémio foi bem atribuído. A música é das mais belas artes existentes na humanidade, e quem a faz, deve ser reconhecido. Às vezes nem é a melodia que se adora, mas a letra. Não só músico, mas escritor e poeta. Não escreveu um livro, mas escreveu os nossos sentimentos. E isso é Literatura.
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