25-11
Eram 18 horas, um frio de rachar ao pé do rio, a comer bolachas depois de um longo dia para aguentar três horas a dançar. E, neste borbulhar de pensamentos e organizações mentais, olho para o rio Tejo. Ainda havia uma mísera luz do céu e as luzes da rua mergulhavam nas águas. Parei, desliguei, observei. E entrei num estado de perplexo total, absoluto. Não era mais a Inês conflituosa e complexada, era apenas um ser humano insignificante (continuo a ser) a olhar a simplicidade deste mundo e tive uma vontade tremenda de chorar. Chorar de felicidade, por poder, num curto intervalo do meu dia, observar a beleza que existe. Os brilhos da noite, o cheiro a maresía e o rio a meus pés. Pude respirar fundo. Pude livrar-me de todas os pensamentos que me corroem por dentro tantas vezes. E esqueço-me que preciso disto. Preciso de fugir a esta realidade, preciso de socorrer a pequenas coisas, à Natureza. Esqueço-me que sou feliz e inconsciente quando me deito na relva e olho as folhas das árvores. Esqueço-me que sou feliz quando abraço crianças, quando mergulho no mar, quando vou ver as flores da minha avó. A Natureza vale mais que toda esta complexidade existente em nós. Mas não é ela também complexa? Uma complexidade contrária à nossa, que se torna simples, talvez. Não sei, mas ela salva-me durante uns breves minutos.
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