(atenção: SPOILER)
Calvin, um ser humano complexo, perdido, triste, sem qualquer perceção sobre o seu futuro amoroso, e também com dificuldades em conhecer mulheres, imagina a pessoa perfeita, fruto apenas da sua imaginação, da sua escrita. Imagina a sua cor de cabelo, cor e feitio dos olhos, o seu sorriso, a sua infância e a sua educação, o que gosta, o que não gosta, os seus pensamentos, os seus sentimentos, enfim. E ela nasce, Ruby Sparks, salta do imaginário para o real. E Calvin é que a vai definido, como se fosse uma marioneta. Mas, não será isto um egoísmo, apenas um desejo pessoal, querer mudar as pessoas para tornarem-se perfeitas para nós, que se adaptam a nós, que são apenas nossas? Isto não é possível, e esse filme demonstra-o.
As pessoas não são para serem inventadas, ou manipuladas, e muito menos, para serem mudadas. Ou amamos pelo que elas são, ou não dá. Se Ruby faz algo que desagrada Calvin, ele vai à sua máquina de escrever o seu desejo, e tudo se resolve. Isto é apenas uma metáfora. Este filme é apenas uma metáfora. O amor entre Ruby e Calvin é belo, não temos dúvidas acerca disso, ele inventa uma rapariga conflituosa, uma rapariga irreal, mas, que na verdade, ela é tão real! As pessoas não se imaginam, elas simplesmente existem, e aparecem. Não mudemos as pessoas, Calvin.
O filme não poderia acabar melhor. Algumas lágrimas podem não ser evitadas, porque, como é óbvio, Calvin não consegue viver assim, a moral acaba por o atingir. É justo estar a prender Ruby a mim? Então, liberta-a. Acaba o livro. Ela desaparece da sua vida. Mas reencontra-a. Bem, reencontrar talvez não seja a palavra certa, ele encontra a verdadeira Ruby Sparks, uma mulher que existe, que exige conhecê-la, compreendê-la, aceitá-la, e amá-la. E assim, Calvin aceita o seu destino.
Isto não é uma história de amor. É uma história sobre o egoísmo humano. Sobre a aceitação da dor.
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