Continuo a mesma, sabes. Continuo a escrever listas em post-its, continuo a apaixonar-me por olhares, continuo a devorar livros deitada na cama e a chorar compulsivamente depois de ver um filme. Não desapareci. Ainda estou aqui, a única diferença é que desapareceste dos meus dias. A tua ausência entranhou-se em mim, habituei-me, e estou viva, continuo a fazer as mesmas coisas, talvez mais até, mas o meu ser não mudou. Sabes, é assim que as coisas são, não podemos mudar, bem tentámos, eu sei, mas não deu. Eu sei que estás igual. As pessoas entram nas nossas vidas e, às vezes são elas que nos dão vida, mas elas desaparecem, é inevitável, e continuamos a viver sozinhos, como sempre vivemos, só que agora conscientes dessa solidão. E a solidão adormece e acorda, adormece e acorda, é um ciclo a que não conseguimos fugir. Mas eu continuo aqui, a divagar, deitada a escrever num caderno com uma caneta velha, a pensar em ti e a questionar-me acerca da existência da humanidade, o costume não é? Pára de pensar, pensas demasiado, demasiado, acalma-te! Vês? Estou a mesma pessoa. A escrever coisas que me vêm à cabeça, espontaneamente, perdida em mim e em memórias mortas por nós.
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