quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Uma História

Acordo novamente vazia, com este vácuo no peito, sem sentir absolutamente nada. O meu pai pergunta-me como estou e não se cala e não o oiço. Pai, por favor, deixa-me em paz. Eu não oiço nada, nada me interessa. Esse som que te sai pela boca é como gritos inaudíveis. Vou tomar banho. As minhas lágrimas inexistentes misturam-se com a água que sai do chuveiro. Imaginação minha. Encontro-me nua, mas nada vulnerável. Como disse, nada sinto. Se alguém me abraçasse no momento, os meus poros não reagiriam ao encontro de pele com pele, e o meu sangue não aceleraria pelo meu corpo, nem o meu coração dava uns batimentos extras. Simplesmente, conformei-me à minha existência e inutilidade, deixando-me andar e observar, mas sem nada sentir, porque o meu físico, o meu psicológica, a minha imaginação, morreram em mim. Toda eu transfiro morte e tristeza. Não te aproximes de mim. Não me toques. Eu não sei sentir. Não sei viver. Não sei ser um simples humano e fazer o que tenho a fazer, o meu propósito de existência, Portanto deixem-me em paz. Deixem-me somente existir e chorar sem chorar.

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