sexta-feira, 11 de março de 2016

Uma beijo da Natureza

Hoje, uma joaninha pousou na ponta do meu nariz. Cheirava a terra e senti as suas patinhas coladas aos meus poros e fazia-me cócegas. Fechei os olhos e senti um bichinho a viajar pela minha cara. Sentia-a pela minha face. Navegou pelo meu corpo, pelas minhas roupas, até chegar à minha mão e pude observá-la atentamente. Aquele pequeno pigmento vermelhinho, brilhante, colorido, com circunferências negras perfeitas. Oh, que perfeição é este bicho! Um vermelho tão belo, umas bolinhas tão bem desenhadas. A maior artista é a Natureza, não tenho sombras de dúvida. Olhem para este pequeno animalzinho, mais pequeno que a minha unha do mindinho, mas tão vivo como eu, mais belo que eu! E voou. Voou-se-me da mão e vi-a voar, feliz, livre, sem pensar, sem sentir. E sigo-a até a perder. E até me perder em sentimentos de inveja. Quem me dera ser uma joaninha. Ou uma borboleta. Ou outro bichinho pequenino qualquer. Não pensar, não sentir, não raciocinar, não ser. Apenas viver, e ser livre. E voar pela cidade, ver aqueles humanos infelizes, incompreendidos, perdidos e sem vontade de os perceber, e ser livre de mim. E viver com o pouco que tenho e nada precisar. E ser colorida, e ser pequenina, e ser feliz, sem ter consciência para saber isso, porque a consciência é que me faz humana, logo, infeliz. E observo a joaninha, brilhante, dócil, inocente. Livre de si.

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