domingo, 6 de março de 2016

Análise: O Céu é apenas um Disfarce Azul do Inferno

O Céu é Apenas um Disfarce Azul do Inferno é uma coreografia de Dança Contemporânea, inserida no Festival Cumplicidades. Dia 6 de Março, decidi escapar-me destas quatro paredes e ir ver este espetáculo que, pela descrição e conceito, parecia-me interessante e invulgar. E foi mesmo. Nunca tinha visto nada assim, num evento de Dança Contemporânea. Fiquei fascinada, louca, translúcida, tantos sentimentos confusos me passaram pela cabeça, e pelo corpo! Um espetáculo enriquecedor, diferente, que rebentou com todas as minhas expectativas e com todos os meus conceitos que tinha antes, sobre o que era realmente, Dançar.

Os bailarinos representaram tão bem o Inferno, a loucura, as heresias, tudo através do corpo, da mente. Na descrição do evento, mencionam que esta criação é baseada na cultura portuguesa, no medo do Inferno, medo da loucura, e foi realmente o que vi neste espetáculo: a loucura, a dor. Porém, vi poesia, vi amor, vi carinho. Foi o espetáculo mais estranho, mais fabuloso, mais místico, que eu já vi. Os bailarinos soltavam o seu corpo, a sua mente, como se os estivessem a abandonar, como se fossem meros instrumentos, que se mexiam, repletos de excitação. 

Devo frisar que, ao início, estranhei imenso o método de representação e questionei-me, isto é Dança? Porque eles saltavam, estavam em convulsões, atiravam-se ao chão, e custou-me habituar a este tipo de Dança, e ao longo do espetáculo, fui amando cada corpo dos bailarinos, cada gesto, cada conceito que eles expressavam e foi magnífico. Aplaudi, sorri, senti tudo! Cada gesto, cada convulsão, cada som, cada cansaço, cada pingo de suor a sair pelos poros dos dançarinos. Foi uma bela performance. 

Sempre vi a dança como a literatura do corpo, este expressar de pensamentos, de palavras, de sentimentos, através da fluidez do nosso corpo. E este espetáculo enalteceu este meu conceito. Foi realmente um choque para a minha bolha da Dança e me fez perceber que o mundo da Dança é maior do que eu pensava. E penso explorá-lo a finco.


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