Acorda.
O alarme já tocou três vezes, acorda.
O quê? Vais ficar na cama?
Acorda, sua inútil, às dez tens de sair de casa.
Finalmente.
Já estás há dez minutos no duche...
Pára de ver televisão e sai de casa, porra.
Já passam dois minutos da dez e só agora é que estás a sair, vergonhoso.
Boa, perdeste o metro. E o autocarro.
Ao menos, tens um livro.
O autocarro está cheio e depois?
As pessoas não mordem.
Ok, ok, ok, ok, acalma-te, tens tudo na mala.
Esqueceste-te do estojo?
Sempre a mesma coisa.
Não faças caretas no autocarro, vão pensar que és esquisita.
Oh não, entrou aquela gaja.
E agora, falas ou não?
Fala, não sejas idiota.
Boa, fingiste que não viste. Continua assim.
Tens uma meia dentro das calças, pareces uma figurinha triste.
Não te esqueças que hoje tens uma festa.
Sim, o que vais levar vestido?
Preto, outra vez? Pois, preto é melhor, para ninguém reparar em ti.
Já te vieram buscar, estão três pessoas no carro.
Calas-te, ris-te das piadas, quando falas, hesitas.
Boa, idiota, boa, vais morrer sozinha.
Estão a falar contigo. Responde. Não gaguejes, caraças!!
És tão estúpida.
Porque disseste aquilo?
Pareces arrogante, ignorante. Boa, rapariga, boa!
És mesmo horrível.
Porque é que ainda sais de casa?
Pertences àquelas quatro paredes.
Não saias.
Não fales.
Cala-te.
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