sábado, 16 de abril de 2016

Anna, porquê, Anna

Sempre com os pés assentes na terra, mas voaram, voaram nesse amor louco, louco de amor, e perdeste-te no corpo do amado, e esqueceste do teu. Porquê, Anna? Porque me fizeste isto? És louca, tens sede, sede disso que te mata no coração, mata tanto, sentes uma imensidão nesse teu corpo esbelto, que danças, danças no vazio, baloiças nas mãos desses que te têm no poder. E gritas, gritas a esse amor imenso e voas, voas longe, longe da tua época, do teu tempo, voas de ti e da tua cabeça. Sim, onde estava a tua cabeça quando só tinhas coração? E perdeste tudo por esse demónio que te corroía o coração, esse ciúme que comia a pele, os orgãos, os pensamentos. E aterraste quando morreste. E sabias que o amor era cheio, era feliz, mas tu não eras, porque tinhas sede, querias mais, mais, mais amor, mais carinho, querias tudo! E tinhas tudo, tonta, TUDO! E perdeste por seres assim, e agora estou aqui, a chorar as tuas lágrimas que secaram por um amor que era teu, e que queria que fosse meu. Ai, esse amor que sentias nas veias, como se fosse uma doença crónica, silenciosa...E morreste porque não aguentaste a dor dessa doença, e o teu último pensamento foi o teu amor e como era caloroso! Ah, afinal não era uma doença, mas uma comichão! Anna, que dor criaste em mim, por seres quereres tudo e não dares valor ao que tens, essa cegueira que te matou. Não vou chorar mais por ti, porque tiveste tudo. E o teu nome soa de boca em boca, com ventos de inveja de um amor que só tu tinhas, e morreste dele.

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