sábado, 9 de abril de 2016

Quero ser ninguém

Hoje quero ser ninguém.
Não quero que me chamem, que me toquem,
não quero o sentir de alguém,
porque hoje sinto-me sozinha,
sinto-me um nada,
que só eu entendo esta mágoa a minha.

Não quero ouvir qualquer voz,
nem a tua, meu amor,
não quero falar atrocidades,
ou banalidades,
simplesmente quero sentir a minha dor,
longe da vida das simplicidades.

Já disse que quero estar só,
que não me quero mexer,
contento-me com o som do pó,
que morto está neste quarto,
que oiço o doer,
a dor que não tem dó.

Agora deixem-me ouvir o silêncio vosso,
vocês não têm nada para me dizer,
nada faço nada tenho que aprender,
quero ser ninguém,
não quero ouvir alguém,
quero ser eu,
no mais ínfimo do meu ser,
e chegar ao nada.

(uma fotografia bela que capta a imensidão e o maravilhoso Alentejo, e o meu ser a criar algo estapafúrdio, como eu mesma)


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