Ah! Como gostava de livrar-me destas quatro paredes, destas roupas apertadas! Ver-me livre deste ar poluído, das palavras fúteis dos vizinhos, destes produtos inúteis que se multiplicam à minha volta. E abraçar a natureza. Entregar-me por completo, de alma e de espírito, aos prados verdes, aos beijos das flores, aos abraços quentes dos pinheiros. Sentir a relva nos meus pés descalços, a água gelada do rio nas palmas das minhas mãos, a madeira húmida nas minhas vértebras, a areia pelo meu corpo nu, e este ar. Ai, este ar tão puro, tão doce! A entranhar-me pelos poros, livrando-me desta sujidade que a cidade deixou em mim.
E a minha alma, o meu espírito, choram de felicidade. Este verde tão vivo, esta água de cristal, o vento que soa palavras ao meu ouvido, as árvores que me sorriem, as montanhas que me contam histórias. Não preciso de nada mais. Sinto-me feliz assim. Completa. E acho que me encontrei e não preciso de mais nada além desta companhia. O meu corpo, outrora inerte e odioso, encontrou o seu local de conforto, e nada o fará parar. Vou correr, vou dançar, vou fugir, vou rir-me até me esquecer do passado mesquinho e o meu corpo será uma árvore, um pássaro, uma alga do mar, uma folha de outono. Um corpo puro. Que serei eu.
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