-Porque é que crescemos a ouvir que temos de nos amar primeiro e só depois aos outros e ao resto?
-Então porque o mais importante na tua vida és tu!
-Mas isso não faz sentido?
-Ora, faz todo o sentido! Ao amar-nos a nós mesmos, obtemos confiança para os outros nos amarem e amarmos também! É tudo um ciclo, minha querida.
-Mas não faz sentido, mãe. Se estou presa a este corpo, não devo perder tempo a apreciar cada poro da minha pele, mas sim amar o que me rodeia.
-Que disparates estás para aí a dizer?
-Oh mãe. Eu acho que devemos parar de ser tão egoístas e olhar-mos apenas para o nosso ego e parar com essas tretas de "Love yourself first". O mundo está cheio de coisas belas, para quê perder tempo comigo quando eu vou estar presa aqui durante anos!
-Que discurso tão tonto, filha. Perderes tempo contigo? Mas a vida é tua! TUA. Ou seja, tu. Tu é que interessas. Tens de lutar por ti, pelo teu bem-estar.
-Não é a isso que me refiro, mãe. É óbvio que quero ter uma boa vida, mas isso não significa que deva apenas olhar para o meu umbigo e estar preocupada em amar-me, quando há tanto para amar! As árvores, as folhas, as flores, as pessoas. Tanta coisa, mãe. Não quero perder tempo em definir-me porque o que me rodeia é que me define, entendes?
-Não, credo, filha, que coisas estás para aí dizer.
-Para quê amar os meus pés quando posso amar o que eles pisam?
Para quê diálogos? Gosto de escrever diálogos, imagino-os na cabeça, penso neles. Primeiro, elaboro um pensamento, um discurso, mas acho que se escrevesse em prosa o que me vai na cabeça, ficaria uma grande confusão. Eu tenho uma grande problema que é: eu penso numa palavra que vem cinco depois de palavras que tenho de escrever, fiz-me entender? Eu penso à frente, quando escrevo. Daí as minhas notas de Português não serem muito altas, porque a minha mente explode palavras que o meu cérebro não tem tempo de organizar, é um ato espontâneo. Então escrevo diálogos, é mais simples e posso discutir duas ideias, invés de apenas uma.
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