sábado, 11 de fevereiro de 2017

Review: Das Leben der Anderen de Florian Henckel von Donnersmarck

Um filme espantoso que nos enquadra na Alemanha Oriental, DDR (Deutsche Demokratisch Republik), em 1984. Todavia, que de democracia pouco tinha. Esta zona da Alemanha, controlada pela URSS, sobre o regime socialista/comunista, não permitia liberdade de expressão nem liberdade económica. Uma ditadura, portanto.

Das Leben Der Anderen (A Vida dos Outros) é a história de um agente da DDR que se "apaixona" pelas pessoas que investiga. 
Gerd Wiesler é um homem solitário e submisso ao regime, acredita profundamente nos ideias socialistas e condena todos aqueles que manifestam a mínima crítica ao sistema. O soldado perfeito. Wiesler começa a suspeitar de um escritor, que escreve maioritariamente peças de teatro. No entanto, este escritor, Georg Dreyman não tem consciência da aversão que sente perante ao sistema, mas é influenciado pelos seus colegas e companheira, a atriz, Christa-Maria Sieland. 
Porém, mesmo com falta de provas e sem fundamentos para suspeitar de Dreyman, colocam várias escutas em sua casa, e é Gerd Wiesler que fica encarregue desta missão.
Inicialmente não há suspeitas. Georg Dreyman parece fiel e identifica-se com os ideias socialistas. Todavia, no seu aniversário, reúne uma data de amigos, também escritores e artistas, e manifestam o desejo (muito discreta e indiretamente) de atravessar a fronteira, rumo à Alemanha Ocidental, onde não há censura. E um dos seus amigos mais próximos, oferece-lhe uma sonata, Sonate vom Guten Menschen (Sonata para um bom homem), e quando Dreyman a toca no piano, sendo esta lindíssima, Gerg Weisler emociona-se, e sabemos que aí, ele vai protegê-los e não atacá-los.
Este amigo que lhe ofereceu a Sonata, comete suicídio. E inicia-se uma conjetura para publicar num jornal ocidental, o que se passa deste lado da Alemanha. Conseguem arranjar uma máquina de escrever que não está registada na DDR e Dreyman encarrega-se de escrever o artigo. Toda esta conspiração é falada, discutida, e escrita em casa deste. E Wiesler, nada faz. 
No entanto, Dreyman e seus amigos são os suspeitos principais. E raptam Christa para os interrogatórios infernais dos agentes da DDR. Ela acaba por confessar, pois se não o fizesse, nunca mais poderia subir aos palcos.
Greg Wiesler corre para o apartamento de Dreyman e consegue retirar a máquina de escrever.
Christa morre atropelada.
Anos mais tarde, já depois da Queda do Muro de Berlim, e era possível aceder aos registos da DDR, nomeadamente, as investigações secretas que fizeram às pessoas sob-escuta. Dreyman decide ir ler o que tinham sobre ele e fica surpreso por ter tantos dossiers. Quando descobre que teve sempre em escuta, fica estupefacto, não acreditando ser possível, pois foi em sua casa que tudo foi realizado, que tudo foi dito contra o governo. Exige saber quem o escutava. 
Quando o vê na rua, não o consegue confrontar. Provavelmente, porque não há palavras que possam expressar tamanha gratidão. Portanto, dedicou o seu livro a ele. 

Um filme que nos deixa com lágrimas e um sorriso, que nos faz ter uma pequena esperança no peito. Que realmente existem pessoas bondosas, mascaradas pela frieza. Greg Wiesler, um homem solitário e convicto dos seus ideiais, porém era humano, e sentia. E sentiu aquelas pessoas, aqueles dois artistas que eram esmagados pela censura e por um governo que lhes cortava as ideias e os seus talentos. Dois artistas loucamente apaixonados mergulhados. na dor de não poderem expressar os gritos que tinham dentro de si. Não eram unicamente esse casal, mas toda a população alemã da DDR. 

Simplesmente, maravilhoso.

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