Estou sem imaginação.
Estou frente a este ecrã, com a televisão ligada para não me sentir tão sozinha no apartamento.
O gato está a dormir noutra divisão da casa.
O meu peito está vazio. A minha cabeça também, para chegar a este ponto.
Deveria estar a ler um livro. Ou ver um filme que me faria chorar a noite inteira e questionar a minha existência. Ou não.
Ou posso simplesmente respirar, preencher o meu cérebro de séries superficiais, rir-me, aconchegar-me na manta quentinha, feita pela minha avó, e agradecer aos meus pais mentalmente por me darem este conforto.
Amanhã leio.
Amanhã vejo um filme para pensar.
Amanhã choro tudo o que tenho para chorar.
Amanhã abraço os meus amigos, beijo a minha mãe, vou a um museu.
Hoje, não quero ser nada.
Rigorosamente nada.
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