sábado, 14 de janeiro de 2017

Estarei sempre assombrada pela minha mente. Pelas coisas que ela não consegue esquecer, pelos pensamentos e memórias com que ela me ataca às três da manhã, que me impede de adormecer sem um aperto no peito, sem um arrepio na pele. Às vezes, passeio sozinha, e tudo me vem à mente. O abraço apertado naquela rua, as fotografias tiradas naquelas escadas, as conversas debaixo daquela árvore, enfim. E não são apenas fragmentos do passado. São bocados do meu ser. Nunca consegui ver o passado como algo indiferente, algo que se ultrapassa, que se esquece. O passado sou eu. O passado são pessoas que amei, que quis, que senti. Tudo o que foi, eu sou. E sentir-me-ei sempre assim, nunca estarei sozinha. As pessoas que outrora beijei no pescoço, são agora fantasmas que me abraçam nas horas vazias, nos momentos de solidão. É triste, custa às vezes aqui, dentro do peito, mas não posso escapar ao meu ser. Assim sou, assim serei.

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