tenho tantos rascunhos. riscos e mais riscos. palavras imperceptíveis que me vieram à cabeça, e logo esta se arrepende. a tinta ainda está a secar. e o papel já está no lixo.
que faço da minha vida?
quem sou eu?
de volta a estas quatro paredes, de coração morto.
estou à espera que alguém me salve, porquê?
porque é que preciso tanto que alguém me leia a alma, através da dor do brilho dos meus olhos?
já não chorava há algum tempo, digo.
tanta gente.
música demasiado alta nos meus ouvidos.
pessoas a tocarem-me, a dirigirem palavras a mim.
o que digo, o que faço?
danço?
o meu corpo não se mexe. os meus pés estão colados ao chão.
Salva-me.
Tira-me daqui.
uma dor no peito sufoca-me. não consigo, porque me fazes isto? eu não consigo.
odeio.
odeio.
isto.
isto sou eu.
os lençóis estão tão limpos e lisos.
parece que nunca dormi ali.
de resto, o caos. livros ali, acolá,
textos que eu nem sei quem os escreveu. eu, claro.
fui mesmo eu?
ou um reflexo do que julgo ser eu?
nem sei o que estou para aqui a dizer.
só sei que me quero deitar no tapete,
e dormir.
com um livro no peito.
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