o caderno que comprei há um mês continua com as páginas vazias.
não sei o que se passa comigo.
quando me encontro sozinha,
procuro-me preencher-me de companhia, fugindo da minha.
um jazz de fundo,
abraços ao meu gato,
vou para a biblioteca passar a mão pelos livros,
ou ir para a rua e andar de olhos fechados.
a caneta tem durado bastante, e os dedos não se cansam.
o piano está a apanhar pó.
as minhas pernas não se cansam.
para onde vai a minha juventude?
calço os sapatos,
em busca de a salvar.
um vestido curto,
batom vivo nos lábios,
um livro na mão e dinheiro para a sangria.
deito-me sobre a relva e observo o sol por entre os ramos das árvores.
oiço as vozes,
as conversas supérfluas.
futebol,
política,
a saída à noite da semana passada,
estava tão bêbado.
finjo que oiço, que me interesso, tento agradar.
não quero saber.
eu só quero observar o céu e chorar a olhar o mar.
mergulhar naquele cais alentejano e nadar pelas águas sujas,
deitar-me entre as flores,
e emocionar-me até me doer a alma.
a minha juventude não é como a vossa.
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