quinta-feira, 18 de maio de 2017

São vinte e trinta e seis, ainda consigo apanhar o comboio das e quarenta e sete. Está tudo bem.
Chego à estação. A dor de estômago vazio não me vai permitir concentrar nos livros que tenho na mala. Logo agora que requisitei uns poemas do Al Berto, e apetecia-me tanto sentir qualquer coisa no peito.
O comboio chega e oiço o senhor a dizer para ter cuidado com o espaço entre o cais e o comboio. Observo o tal espaço. É enorme. Eu poderia dar uns pequenos passos em frente e todo o meu corpo cairia por ali a abaixo. Lembrei-me logo do meu querido romance do Tolstoi. E, fiquei triste. Um sentimento nostálgico misturado com tristeza. Uma longa história para colocar nesta.

Tão pouca gente!

Não gosto de me sentar.
Encosto-me ao vidro.
Respondo rapidamente a umas mensagens no telemóvel, e os meus olhos desviam-se para o céu. Que cores! Ignoro logo o que tenho nas mãos e olho, olho com paixão o que se encontra lá fora. A paisagem que vejo todos os dias, repetidamente. Mas nunca me canso. Então com o céu a mudar de cores.
E como mudava!
Primeiro vi lilás. Muito clarinho, e os prédios brancos pintados também dessa cor. O poder do céu!
Depois, transformações de amarelo e azul, enquanto passava um avião que não conseguia rasgar as duas cores. E as nuvens de azul.
A chegar ao meu destino, era uma mistura de tudo.

Depois de um dia cansativo, nada melhor que um abraço deste céu por uns breves minutos e apaixonar-me por estas coisas tão simples.

E frio, tanto frio.

O vento a tapar-me os olhos.

Um gato de olhos verdes a observar-me.

Um casal que me sorri.

Uma música jazz nos ouvidos.

Um passo de dança pelo caminho.

E o dia acaba quando coloco as chaves na porta.
Porque em casa, nada acontece.

A vida está lá fora.
É lá fora que os pássaros cantam e as flores nascem.

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