São duas da manhã e o teto branco é mais interessante que as ruas apinhadas de gente no Cais do Sodré.
Penso, penso até me doerem as têmporas e o estômago.
Pernas, mexam-se.
Tenho de sair desta cama, soltar-me dos cadernos e abraçar corpos.
E tudo em que penso, é no dia da amanhã,
e no dia a seguir,
e no dia a seguir a esse,
até te imaginar velho, rodeado de netos, sem te lembrares do meu nome.
Os beijos nos bancos de trás do carro.
As corridas na areia, de noite,
a dança no meio do mato.
Que todas estas coisas apenas existam no meu cérebro.
As pessoas voam dentro de nós, mudam os órgãos de sítio, põem a cabeça no lugar do coração e o coração na mão esquerda. E desaparecem. Como se fosse fácil viver com um coração na mão esquerda.
A paranóia do esquecimento.
O esquecimento. Essa palavra que tanto me atormenta. Que me dói pronunciar.
A minha mente sempre me atormentou.
Faz questão de me lembrar das datas, da comida, das cores dos olhos, da gestualidade das mãos. Tudo é fácil de recordar.
É tão fácil de doer.
(é impressão minha ou este texto ficou tão estranho mas com algum potencial? Hum...)
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