Rosa Lobato de Faria não me consegue desiludir. A sua escrita poética, leve, repleta de metáforas, comparações improváveis, melhora a história na sua totalidade, apesar desta já ser muito bem imaginada. As viagens de Pedro na sua mente louca são apenas geniais.
A autora inspirou-se na lenda de Pedro e Inês para criar uma história de amor igual, mas na nossa sociedade, e numa sociedade futura, mostrando que este amor será sempre impossível, mas sempre enorme. A história foca-se num Pedro dos finais do século XX e inícios de XXI, que se apaixona por uma Inês, que se evapora das suas mãos, tal como no século XIV, e este compara o seu amor ao de D.Pedro I, que ficou louco por ter perdido a sua Inês. E então, o Pedro atual começa a sentir-se como um rei que perdeu a sua suposta rainha, que nunca chegou a ser rainha devido à mesquinhez e aos interesses alheios. Um amor que o enlouqueceu, que o fez obrigar o povo a beijar a mão da sua amada já falecida, já em decomposição. Um Pedro que acredita que a voltará a ver no Juízo Final e que o seu amor nunca morrerá. Mas na cabeça louca do atual Pedro, este começa a criar uma história futura.
A história de amor de Pedro e Inês no século XXII é talvez a mais interessante da história, uma sociedade que nasceu na cabeça da autora e que está extremamente genial. Acredito que Rosa Lobato de Faria se inspirou no livro de George Orwell, 1984, porque aqui existe uma sociedade controlada pelo governo, que impede o amor e os sentimentos.
Tenho de frisar que o livro, já para o final, torna-se um pouco cansativo, a loucura de Pedro torna-se assustadora e um pouco exagerada, e as viagens entre as épocas torna-se confusa. Mas nada disso me fez perder nesta história belíssima e na poesia que esta contém.
A imaginação da autora é indiscutível e temos aqui um obra grandiosa da Literatura Portuguesa. Uma lenda, um amor proibido, verdadeiro, uma história real de tremenda tristeza. O livro baseia-se mais na lenda do que realmente na história real, mas D.Pedro I e Inês de Castro fazem parte da lista das histórias de amor mais trágicas de sempre. Rosa Lobato de Faria fez renascer este amor na nossa época e numa época futura, lembrando-nos que o amor é igual em todas as sociedades, o sentimento é sempre o mesmo, a dor é igual ao longo dos anos, dos séculos, dos milénios. Que o amor se torne em algo banal, em algo bonito, e não em algo trágico.
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