quarta-feira, 11 de maio de 2016
O tempo não cura
Penso que futuramente me sentarei nesta cadeira, que será velha e ficará gasta, e vou entristecer pelas palavras que tanto ouvi e que se concretizarão, eu sei que sim, mas não acredito ainda nelas, nem quero acreditar. Que me vou sentar, com rugas e de cabeça pesada, e vou-me lembrar das palavras da minha avó "o tempo passa, oh oh, se passa", da velhinha simpática do autocarro "quando eu era nova corria tanto e agora mal sei andar" e a minha mãe, "o tempo cura tudo". E vou-me sentar nesta mesmíssima cadeira em que me sento neste momento e uma lágrima derramar-me-à porque sentei-me nela demasiadas vezes e agora não me vou levantar mais. E que o tempo passou e eu continuei sempre sentada, estagnada no meu ser. E um dia vou olhar para a cadeira velha, eu velha, e não vou ter forças de a desgastar. E o tempo passa, e um dia vou morrer, tu vais morrer, todos aqueles que me tocaram na alma vão morrer, e isto fica apenas marcado nas minhas palavras que morrerão também com o tempo.
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