A poesia abandonou-me. Procuro-a nas árvores, nas folhas caídas, no som do vento e do mar. Encontro-a, mas não a sinto. Não lhe consigo tocar.
Já faz tempo que não choro só de olhar o mar.
Tenho saudade de sentir o simples milagre da vida, da existência, de ver tudo isto, de pensar que tudo isto existe, porque eu existo. Faz isto algum sentido?
Que sou eu?
Ando de lá para cá, tentando apaixonar-me por coisas simples, quando eu sou tão complicada e confusa? Que procuro eu, mesmo?
Outrora encontrei a felicidade, penso eu. Doía-me o peito, mas sorria tanto. Doía-me o peito de tanto amor ter dentro de mim. Para onde foi esse amor? Para onde foi toda a paixão? Ficou nos papéis em que tentei descrever e materializar todos os sentimentos que passaram por este corpo? Porque tento eu materializar tudo, querer por em palavras, o que não é descritível por elas? As palavras são tão limitadas, porém, tocam-me tanto, são-me tudo. Sem palavras, tudo é irreal.
Sem palavras, não existiria.
Nada existiria.
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